Steve achou que quando ele saisse da casa de seus pais as coisas melhorariam, quando ele tivesse seu próprio lugar ele se sentiria menos sozinho, talvez aquele sentimento de solidão por algum milagre sumiria. Mas não, foi o total oposto.
Claro, Steve não se sentia sozinho todo o tempo, ele tinha seus amigos, na qual eram mais como uma família. Ele passava o dia com Robin, ouvindo ela dizer absolutamente tudo que havia em sua mente, Dustin enchia seu saco para o levar e buscar de todos os lugares, forçando que ficasse de babá em filmes que exigiam a companhia de um adulto e etc. Mas assim que ele voltava para casa, vendo seu apartamento escuro e silencioso esperando por ele, aquele sentimento parecia crescer mais do que nunca.
Robin dizia que ele tinha que arrumar alguém, que talvez a falta de companhia que sentia era algo romântico. Steve em primeiro negou a ideia, seu coração partido demais por Nancy, se recusava a sequer ousar a ser quebrado novamente.
Com o tempo, aquele sentimento cresceu. Sua cama pareceu ficar mais fria, seu apartamento menos aconchegante e seu coração pedindo para que ele se arriscasse de novo.
Ele tentou diversos encontros com diversas garotas de Hawkins, mas sua reputação antiga fazia com que todas acreditassem que ele não queria algo sério, logo, seus encontros não se passavam de nada. Não havia aquela energia e conexão que todos falavam, seus olhos não brilhavam, seu coração não batia mais forte e ele com certeza não se via num futuro com qualquer uma delas. Sua empolgação em achar alguém diminuiu drasticamente, a cada encontro, ele tinha mais e mais certeza que seu apartamento continuaria vazio para sempre.
Em uma noite, ele voltou para sua casa mais cansado do que nunca. Seu encontro da noite havia sido um desastre completo. Ela era arrogante e somente queria uma refeição grátis, o que apesar de tudo, Steve deu a ela, afinal, era a forma mais rápida dele voltar para casa e se jogar no sofá.
Assim que chegou em sua casa, ele soltou o mais longo suspiro, chutando sua porta para que fechasse, antes de andar se arrastando até seu sofá, onde ele se jogou de olhos fechados. Seu corpo caiu nas almofadas macias, e entre elas, havia o controle remoto da televisão, que se ligou assim que o controle sentiu o impacto.
- Se sentindo sozinho?- a voz melodiosa da televisão chamou a atenção de Steve, forçando que seus olhos se abrissem, se ajustando com o brilho forte da televisão no apartamento escuro, observando a propaganda claramente duvidosa do programa. Havia um número brilhando forte na tela, com diversos corações ao redor e uma música chata de fundo. - Ligue para nós, vamos adorar falar com você! - Steve sabia do que se tratava, aquelas sexcalls eram famosas, ele somente nãos abia que Hawkins tinha uma.
Talvez fosse aquilo que ele precisava. Alguém que pudesse amaciar seu coração somente pela aquela noite, uma voz dizendo que gostou do tempo que passaram juntos, e implorando que ele se reencontrassem de novo. Mesmo que fosse algo totalmente falso.
Pegando seu telefone da mesa de canto, Steve se virou de barriga para cima, discando número da televisão e esperando que sua linha fosse atendida.
- Olá! Meu nome é Docinho, como posso matar sua solidão hoje? - uma voz muito familiar atendeu ao telefone. Steve sentia que já ouviu aquela voz antes (apesar de seu tom estar forçado), mas não conseguia saber onde. Ele queria desligar o telefone e fingir que aquilo jamais tinha acontecido, mas sua solidão falou mais alto. - Olá? Tem alguém aí?
- Oi... Si-sim, eu estou aqui. - falou com um nervoso que não poderia ser explicado. - Desculpa, é minha primeira vez fazendo isso. - explicou se sentindo o total Zé Mané.
- Que fofo! Não se preocupe, querido! Eu não mordo! Se se quiser, óbvio! - ela respondeu fazendo um pequeno sorriso brotar nos lábios dele. - Então é sua primeira vez? Nunca ligou aqui ou em qualquer outro lugar antes?
- Não... Eu sou mais... Ah... Da antiga? Meus encontros normalmente são cara a cara. - ele explicou ouvindo a doce risada dela do outro lado da linha.
- Então isso é um encontro? Eu deveria ter colocado algo mais apropriado então. - falou num tom de provocação que Steve logo entendeu. Talvez se ele ainda tivesse a mesma mente de antes, ele entraria logo naquela conversa e tudo acabaria assim que ele gozasse, mas por algum motivo, aquela fala dela não fez ele sentir absolutamente nada. Ele sabia que precisava ater algum tipo de alívio, e aparentemente não era sexual.
- Isso foi um erro, me desculpe
- Espera! - ela gritou antes que ele desligasse o telefone. - Eu entendi a situação errado, eu que peço desculpas... Você é do outro tipo então, certo?- Steve podia jurar que a voz dela ficou menos forçada e mais normal, e ele achou melhor assim.
- Outro tipo? - perguntou curioso.
- Bom, na minha experiência por aqui, as pessoas ligam pelo mesmo exato motivo, solidão. E existem dois tipos de pessoas, as que querem um alívio sexual para não parecer que estão sozinhas no mundo, ou, aquelas que só querem conversar com alguém. - ela falou num tom monótono que fez Steve ficar até surpreso com a calmaria e seriedade que ela falou suas palavras. Era como se aquilo fosse uma rotina tão chata que ela já havia decorado de cor absolutamente tudo.
- Uau... Você deve travar nisso faz anos. - ele comentou com um pequeno riso.
- Na verdade, comecei semana passada. - agora foi a vez dela de soltar um riso. Steve somente imaginava como era poder ouvir aquele som na vida real. Como seria seu sorriso? Ele sabia que sua voz era linda, parecia acalmar seu coração angustiado.
- Eu não sei se isso quer dizer que você é extremamente boa no seu trabalho, ou os homens são extremamente previsíveis. - comentou.
- Eu diria que ambos... Então você está sozinho, não é? - ela perguntou e ele somente respirou como resposta. - Sua voz é bonita, eu posso estar errada mas você não deve ser uma monstruosidade assustadora, então, eu vou me arriscar a perguntar, por que está sozinho numa noite de sexta feira?
- É complicado... - respondeu num suspiro.
- Eu tenho a noite toda. - respondeu num controlar, causando uma pequena risada dele.
- Quando eu era mais jovem, eu fiz uma reputação não muito agradável... E acho que isso ainda me persegue.
- Com toda a certeza, Steve Harrington. - ela interrompeu a fala dele.
- Você sabe quem eu sou?! Achei que isso era anônimo! - Steve retrucou com receio do que todos iriam dizer se descobrissem com o que ele estava gastando seu salário.
- Com certeza, cem porcento anônimo, porém eu conheço sua voz, convivi com você por quase doze anos. - Steve não podia acreditar que era alguém conhecido por trás da linha. Ele sentiu suas bochechas ficarem mais quentes e o pânico tomar seu peito. - Relaxa Steve, eu não vou contar para ninguém... Eu prometo. - ela falou parecendo sentir o medo dele.
- Eu me sentiria melhor se ao menos soubesse quem está prometendo meu anonimato. - ele falou pensando que não seria mais do que justo ele saber o nome dela, já que ela sabia o dele. Mas sua resposta não passou de uma gargalhada.
- Boa tentativa, mas meu anonimato não é somente uma opção por aqui, é regra. Então, sinto muito, mas vai continuar a me chamar de Docinho. - respondeu ouvindo o som frustado da linha do homem. - Voltando ao o que interessa, você estava dizendo que sua reputação te assombra até hoje?
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IMAGINES ALEATÓRIOS PARTE III
FanfictionContinuação do primeiro, segundo e terceiro livro! Esse livro se trata de fanfics escritas por mim sobre diversos personagens. Tais histórias podem conter conteúdos adultos. Histórias com gatilhos mais pesados serão advertidas no começo no capítulo...