Sua mente queimava, ele não se lembrava mais sequer qual era seu nome. Todo seu ser se contorcia numa dor imensa enquanto aquele homem dizia e repetia as palavras de ativação que faziam com que ele não existisse mais, no lugar, uma máquina mortífera.
Quando ele foi erguido da cadeira, ele não era mais uma pessoa, era um vazio. E por mais que subconsciente gritava em seu cérebro, implorando para que não fizesse o que aqueles homens iriam lhe dizer, eram gritos vazios e em vão. Ele não tinha controle. Afinal, ele não era mais ele.
- Soldat? - o capitão chamou sua atenção. O soldado apenas ergueu seu olhar, como se esperasse pelo próximo comando, esperasse receber o arquivo com a foto da próxima pessoa que ele iria precisar matar. Mas ao invés, o capitão da base deu um passo para o lado, deixando que um homem de terno preto saísse das sombras. O Soldado sentia como se já tivesse visto aquele homem antes, talvez ele quem fosse seu dono. - Ele está pronto para ordens, Senhor. - o capitão falou antes de fazer uma saudação para o homem de terno.
- E ele irá executar tudo o que mandar? - aquele homem questionou andando em direção ao Soldado. Ele ergueu sua mão contra a face do Soldado, lhe dando um tapa estralado e forte, o Soldado não reagiu, ele sabia que seria pior se ousasse reagir de alguma forma. - Hum... Ele se comporta bem... Há quanto tempo foi o último incidente? - perguntou enquanto continuava a rodear o Soldado.
- O último incidente ocorreu há 37 anos atrás. Quando acordamos ele no dia quatro de julho de 1968. Ele matou dez homens tentando fugir, e outros quinze ficaram feridos. - o capitão relatou. Se o Soldado tivesse ainda um pingo de humanidade, ele até poderia se sentir mal. Mas sabia o que aqueles homens faziam com ele, e sentia somente prazer por ter se rebelado no passado, mesmo que não conseguisse se lembrar.
- E desde então ele se comportou?
- Sim, senhor.
- Ótimo. Eu quero ele para mim. - aquele homem de terno falou como se comprasse um carro. O Soldado sabia que ele já tinha sido vendido antes, sabia que já tinha sofrido diversos pesadelos nas mãos de seus compradores, ao menos o lado bom de não se lembrar, é que ele esquecia de sua dor.
- Sim, senhor. - o capitão falou gesticulando para o cientista atrás da cadeira elétrica. O soldado sentiu seu pescoço ser furado, um líquido sendo enfiado em sua pele e então, seu corpo caiu desacordado.Quando o Soldado acordou de novo, ele estava em seu transporte. Ele sabia que não deveria ter acordado ainda, afinal, ele não poderia ver onde iria, assim, não planejaria uma fuga. Mas por algum motivo o sedativo tinha acabado o efeito, e ele podia ver todo o caminho. Eles estavam indo para o que parecia ser uma fazenda, afastada de toda a civilização, rodeada de florestas que ele poderia fugir e se esconder por dias, finalmente ser livre.
O veículo parou, ele sentiu seu corpo ser puxado para fora, atravéz das dezenas de amarras em seus braços, pernas e pescoço. O Soldado viu logo em frente uma bela casa, parecia ser um lugar inocente, animais passavam ao fundo, as paredes de madeira lhe davam um ar de aconchego, as flores plantadas com perfeição para esconder armas implantadas no solo, câmeras escondidas em árvores próximas. Aquele lugar somente parecia inocente.
Seja quem quer que estivesse ali dentro, era precioso. E quem quer que fosse, iria logo deixar de ser, era óbvio o motivo dele estar ali. O soldado deveria fazer o que fazia de melhor, matar.
A porta se abriu e aquele mesmo homem de terno saiu de dentro da casa, andando em direção ao Soldado.
- Por que ele está com tantas armas?! Estão loucos?! Tirem tudo dele! Agora! - ele gritou entre os dentes, e os homens imediatamente começaram a arrancar todas as armas do corpo do soldado. Ele tentava entender como ele iria matar quem quer que estivessem ali dentro se não iria ter suas armas. Talvez aquele homem queira que ele esmagasse o crânio dele, talvez ele tinha que quebrar o pescoço de sua vítima... Não seria a primeira vez. - Soldado? Você está me escutando? Como eu sei que ele me entende?! Vocês deveriam dar um manual de instruções em como usar isso! - bufou estralando os dedos na frente do rosto do soldado, que apenas o olhou com raiva.
- Ele está te ouvindo, mas não pode responder até que lhe dê o comando. - um dos guardas que seguravam as amarras do soldado respondeu.
- É isso não vai ser bom. Você pode falar quando quiser, ouviu? Como eu sei que ele fala minha língua?
- Eu falo sua língua. - o soldado falou pela primeira vez em muitos anos.
- Ótimo! Ótimo! Escuta, seu trabalho aqui é um pouco diferente. - o homem de terno falou antes de gesticular para todos se afastarem. - Você não está aqui para matar. Está aqui para proteger, não deverá deixar nada nem ninguém tocar em quem está ali. Ela é meu bem mais precioso, a única coisa que amo nessa vida. Se algo acontecer com ela, eu perco tudo. Entendeu? Seu trabalho aqui é proteger ela. - falou só trazendo mais confusão para o soldado. Como alguém poderia querer que ele protegesse alguém? O soldado era um assassino, uma máquina de matar, não um protetor. - Tirem essas coisas dele! - ordenou e os homens cumpriram, tirando as amarras e algemas, deixando o soldado livre. - Você terá tudo o que precisa sendo entregue aqui toda semana. Terá roupas, comida e brinquedos fornecidos por mim. Há uma lista sobre o que ela deve e não deve comer, seus horários para dormir, e tudo mais que precisa saber. - o soldado foi conduzido para dentro da casa, ele ouviu o sons dos carros indo embora, lhe deixando sozinho na sua missão confusa. - O nome dela é Sn, ela está dormindo agora, mas logo irá acordar. Eu preciso ir antes que esse lugar seja comprometido. Soldado, eu imploro que cuide de minha filha. - e assim, o homem de terno entrou num carro preto blindado e acelerou para longe dali.
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IMAGINES ALEATÓRIOS PARTE III
FanfictionContinuação do primeiro, segundo e terceiro livro! Esse livro se trata de fanfics escritas por mim sobre diversos personagens. Tais histórias podem conter conteúdos adultos. Histórias com gatilhos mais pesados serão advertidas no começo no capítulo...