Bucky Barnes 120

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Bucky estava livre, finalmente livre. Entretanto, isso não significava que ele era o mesmo Bucky dos anos 40. Muito o contrário, por sinal. Aquele jovem Bucky morreu no momento que ele entrou no exército, e tudo que restou, foi uma casca vazia que foi usada por anos como arma.

E agora, Bucky estava sentindo que lentamente voltava a se sentir vivo. Mas sabia que jamais seria o Bucky do passado.

Mesmo assim, ele era otimista, ainda mais quando suas memórias começavam a voltar. Todavia, aquilo que se mascarava como um bom sinal, rapidamente foi entendido como algo errado.

- Como assim, Steve?! E-eu... Eu lembro dela! Estávamos nas docas jogando pedras no mar! O ar tinha cheiro de peixe fresco, você ficava tremendo por frio e Sn lhe deu o casaco dela pra você e eu dei meu casaco pra ela! - Bucky suspirou olhando o que tinha escrito em seu caderno de memórias, o medo de um dia voltar a esquece-las o fez querer coloca-las no papel. Ocasionalmente, Bucky questionava Steve sobre as coisas do passado, querendo ter certeza que suas memórias eram certas.
- Bucky, eu não sei o que dizer... Essa memória... Não aconteceu assim. Sim a gente estava nas docas jogando pedras no mar, mas... Só éramos nós dois. E depois eu fiquei de cama com um resfriado por dez dias. - Steve suspirou vendo a confusão e desapontamento no rosto de Bucky. - Hey... Não fica assim, você só está confuso agora... Sabe o que os médicos falaram, suas memórias estão embaralhadas... Dê mais um tempo... Não se cobre tanto, okay? Você está indo bem, Bucky. - falou puxando o amigo para um abraço apertando. Steve sabia o quanto aquilo era difícil para Bucky, o quanto ele estava se cobrando para ter sua vida de volta, e tudo o que ele poderia fazer, era estar ali por ele.

Bucky suspirou acreditando em Steve. Talvez ele estivesse certo. Suas memórias ainda são confusas, ele sequer se lembrava dos rostos de seus pais... Como Steve disse, ainda era cedo demais para ele se recuperar de vez. Em Wakanda, seus médicos disseram que sua mente estava se curando lentamente, ele deveria ter paciência.

Dias seguiram, e pouco a pouco Bucky tinha mais memórias. E para sua infelicidade, Sn estava sempre nelas.

Quando ele se lembrava do caminho que fazia para ir para casa, ela estava caminhando ao seu lado, rindo e contando piadas. Quando ele comia sua comida favorita com sua família, havia uma cadeira ao seu lado, e ela estava bem ali. Quando ele se lembrava das tardes brincando na rua com Steve, Sn também estava.

Até mesmo em suas memórias mais íntimas, ela estava ao seu lado. Ela foi seu primeiro beijo, seu primeiro amor e sua primeira paixão carnal. Mesmo Steve dizendo sempre, que Sn não foi real.

Todas as vezes que Bucky questionava a Steve sobre algumas de suas memórias, e mencionava o nome dela, os dois acabavam numa pequena discussão, com Steve dizendo e repetindo, Sn não era real.

Mas como ela poderia não ser real?! Bucky se lembra tão bem dela. A cor de seus olhos, os penteados que usava, suas roupas, seu tom de voz, seu cheiro e seu toque. Como ele poderia inventar algo assim?

Ele tinha sonhos dos beijos, dos passeios de mãos dadas, dos abraços, do calor do corpo dela sobre o seu.

Como ele inventaria momentos assim?

De vez em quando, suas memórias vinham em seus sonhos. Algumas boas, outras tão horríveis que ele se forçava a permanecer acordado por dias. Mas dessa vez, foi diferente.

Eles estavam no que parecia um parque. Estava de noite, e ambos estavam deitados na grama olhando as estrelas.
- James? - aquele tom doce parecia mais estar preocupado e talvez melancólico. Bucky se apoiou em seus cotovelos, se erguendo o suficiente para vê-la. Ele notou que seu redor parecia estar estranho, como se as árvores se distorcessem, a cidade ficar falha e até mesmo a grama macia ficar desconfortável.
- O que... O que está acontecendo? - ele questionou quase como se estivesse num sonho lúcido.
- Eu preciso te pedir uma coisa... - ela falou ignorando o ao redor, se pondo de joelhos na grama antes de colocar as mãos no rosto dele, puxando a atenção dele volta pra si. - Preciso que me prometa.
- Qualquer coisa, boneca. - respondeu sem pensar duas vezes, colocando suas mãos nos punhos dela e fazendo pequenos carinhos na pele macia dela.
- Quando você for livre, quando sair daqui... Corra sem olhar para trás. Corra e deixe todos aqui queimarem... Inclusive eu.
- O que?! - o que ela dizia? Não fazia o menor sentido. E então, tudo começou a falhar. A memória pareceu derreter, as árvores nunca existiram, a cidade muito menos, as estrelas se transformaram em luzes brancas e fortes no teto, a grama macia era na verdade uma maca dura e fria. A pele de sua mão esquerda parecia derreter revelando o metal por baixo. Ela também mudou; sua pele perfeita se transformou em algo que era fruto de horas de tortura. Seus belos olhos não carregavam nada além de dor. Haviam hematomas em todos os lugares que Bucky poderia ver, cortes ainda com sangue escorrendo, o penteado do cabelo dela se desmanchou, caindo sobre o rosto cheio de lágrimas dela.

IMAGINES ALEATÓRIOS PARTE IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora