Bucky Barnes 88

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1985, Extremo norte da Rússia...

Se lembrava de poucas coisas de sua última missão, eles sempre faziam questão de apagar sua memória antes de cada missão, entretanto, talvez por estar presa naquele lugar há tanto tempo, seu cérebro sendo frito por tantos anos que sequer se lembrava de sua idade mais, talvez por isso, sua memória era fraca, e sempre se esquecia de suas missões. Talvez fosse o melhor.

Afinal, lembrar dos rostos de quem matou, deveria ser uma tortura.

Assim que foi jogada de volta em sua cela, seu corpo caindo no concreto frio e úmido, ficando ali imóvel como se tentasse se recuperar, ao menos, até eles te congelarem de novo.

- boneca? Ainda está aí? - a voz rouca, cansada e quebrada de seu parceiro ecoou pelas paredes daquela prisão.

Não sabia muito sobre ele, e nem ele sobre você. Sequer sabiam o nome um do outro. Se conheciam apenas por Soldado, e Muerte, seus codinomes que aquele lugar havia dado.

Entretanto, o soldado nunca te chamou de Muerte, ele sempre te chamava de boneca, um apelido que sempre fez ela rir, afinal, de tudo que havia feito, tudo de ruim que havia causado, ser chamada de algo tão doce e puro, era ridículo. Mas ela gostava.

- ainda estou aqui... Eu acho. - respondeu sem mover seu corpo ainda, sentia seus músculos gritando, tinha certeza que havia quebrado algum osso, mas como todo seu corpo doía, era difícil saber qual.
- se lembra de mim? - era algo que sempre perguntavam um ao outro, e felizmente, sempre se lembravam.

Ela tinha uma hipótese para isso, pensava que talvez, por serem parceiros, aquele lugar sempre preservava um ao outro em suas mentes, como se quisessem que lembrassem do outro nas missões. Querendo garantir que, eles não tentassem se matar.

- sim... Ainda sei quem você é, soldado... - respondeu ouvindo ele agradecer baixo.

A mulher ouviu o som de algo metálico se arrastado pelo chão de concreto, ela abriu seus olhos vendo o soldado do outro lado das barras de metal que separavam suas velas, sua mão direita empurrando com cuidado um copo de metal com água. Sabia que não era seu copo, afinal, eles sequer haviam te dado comida naquele dia, aquele copo com aquela água era dele, e ele estava cuidadosamente dando para você. Sorriu de forma quase que involuntária pensando na ironia que era ele dar o pouco que tinha, para ela. Mesmo assim, se arrastou até chegar no copo, usando sua energia restante para erguer ele e levar até sua boca, tomando alguns goles daquele líquido precioso, fazendo questão de não terminar, querendo que ele tomasse um pouco também.

Seu corpo caiu no chão de concreto de novo, sua mão empurrando delicadamente o copo para as grades, querendo que ele tirasse dali. A mulher viu a mão prateada dele pegar o colo e colocar ao seu lado.

Ela sabia que ele não tinha um braço, sabia que aquele membro foi substituído por uma prótese de última geração, mas não fazia ideia de como, ou por que. No entanto, ela sempre notou como ele não gostava de usar a mão esquerda, principalmente quando não estavam em missões.

- está sentindo alguma dor? - ele perguntou num tom preocupado.
- sim... - respondeu sincera, arrastando seu corpo para o mais perto possível das grades, procurando algum conforto.

Dentro daquele lugar, era difícil ter algum tipo de conforto, com tantas torturas, tantas missões, tantas dores, seria impossível alguém se sentir confortável ali. Entretanto, o Soldado e a Muerte acharam conforto entre si. Os dois presos ali por mais tempo que poderiam contar, os dois não se lembrando de nada de suas vidas, os dois sendo usados como armas para algo que sequer tinham consciência sobre, os dois acharam um conforto estando presos, pensando que, apesar de estarem no inferno, ao menos, tinham um ao outro. Eles talvez, acharam algo muito maior que apenas um conforto, acharam um sentimento tímido e medroso, um sentimento escondido por medo do que aconteceria se falassem.

IMAGINES ALEATÓRIOS PARTE IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora