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— E tu não conta não?

— E adianta? Tu sabe que minha menstruação é uma bagunça. Vem quando quer. — Dei de ombros.

— Mas tu tá tomando o remédio, não tá? É pra estar vindo direito. — Disse, parecendo um satanás, querendo tirar minha paz de espírito.

— Eu atrasei o remédio uns dias mês passado, lembra? Tá dando rebote na minha menstruação, tu sabe que é sempre assim que acontece, não vem me tentar não. — Reclamei, levantando e endireitando a minha coluna. Russo deu um comprimido na minha mão e foi buscar água.

— Ô Nina tu tá doida. — Ela riu, se endireitando também. — Isso não pode acontecer não. Tu transou mês passado?

— Que pergunta é essa, Dalila? — Ri, pegando a água que o meu irmão tinha trago pra mim. — Obrigada, te amo.

— Transou ou não, Nina?

— Óbvio que eu fodi. Eu tô fodendo sempre. — Dei de ombros. — Mas na época que o pau tava quebrando lá, que foi quando eu atrasei o remédio, foi só uma vez ou outra, a gente nem tinha tempo pra isso.

Ela fez uma careta quando eu falei isso e negou com a cabeça. Wallace ficou de longe observando a conversa.

— Cara, quando atrasa assim, tu compromete o efeito o mês todo, por isso a menstruação não vem regulada quando rola uns negócios assim. — Pisquei, levantando e olhando pra ela com olhos arregalados.

— Ah, não. Nem vem, não tem como. Não me bota terror psicológico não que eu vou surtar aqui, hein?! — Briguei. Na hora, veio o sonho com a menininha de semanas atrás. Mano?

— Sério agora, bagulho sério. Quanto tempo que não vem?

— Porra, Dalila, tem tempo, já falei. — Comecei a ficar nervosa e a andar de um lado pro outro. Eu já podia me sentir soar e nem tava tanto calor assim...

— Tempo quanto?

— Eu tinha começado a tomar a nova cartela pouco tempo depois que eu dei as atrasadas, então, ela deve ter vindo um tempo depois que dividiu a favela lá. — Contei, contando o tempo na minha cabeça.

— Po, Nina, mais de 2 meses isso ai. — Wallace comentou.

— Então a de mês passado tu não pagou também. — Dalila comentou, cruzando os braços. — Eu sei que tu não menstrua direito, mas tá esquisito isso ai, Nina. Ainda mais contigo tomando o remédio.

Sentei de novo no sofá, me sentindo soar frio. Um gelo no meu coração me deixou até com falta de ar, enfiei as unhas nas palmas das minhas mãos, sentindo o medo me varrer mais uma vez.

— Ai, mano, não pode ser. — Murmurei. — O tempo que eu tenho dado entre as cartelas é curto também, tem meses que não vem por causa disso... Não tem como eu estar grávida, mano. Minha menstruação é assim.

— Nina, tu mesmo falou que ela parece que tá pra vir há um tempo e não vem. Cólica também é sintoma de gravidez, tá minha filha? E enjôo. E alteração de humor. Eu estudei isso, piranha, dá tu acreditar em mim quando eu digo que tá estranho?

Neguei com a cabeça, levantando de novo e começando a andar. Fiz que não com o dedo pra ela de novo.

— Eu acredito em você, mas eu sei que não tem como. — Rebati. — Agora eu tô nervosa, Dalila.

— Porra, então bora fazer um teste pra tirar essa dúvida. Se não tiver mesmo, tu vai na tua ginecologista de novo e avisa que tá atrasando assim. Isso não é normal não, pode ser um monte de coisa nos teus ovários. — Sugeriu e olhou pro Russo. Eu nem consegui falar nada, estava empacada no lugar, agora cogitando a possibilidade realmente. Gente, como assim? Como pode isso? Porra, eu tô tomando meu anticoncepcional.

— Tá, eu vou na rua de novo nessa porra. — Ele pegou a chave da moto em cima da mesa e nem contestou nada.

— Compra daquele mais caros, o digital. Aquele que passa no comercial da televisão, sabe qual é? — Dalila mandou.

— Já é, deixa comigo. — E abriu a porta, saindo. Eu olhei pra ela de novo, totalmente chocada. Não sabia nem como reagir...

Amor na GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora