[WILLIAM]
O baile tava só lazer, a favela uma uva, tudo certo. Botei o fuzil encostado na parede do meu lado e fumei um balão gostosão, virando uns copo de whisky e redbull. Tava arregado a parada e eu ia aproveitar. A semana foi estressante pra caralho, tava na vontade de extravasar aquilo tudo ali. A Sandra tinha ficado da gracinha por causa dos parceiro com quem eu tinha colado aquela noite e tinha ido dar um rolé. Eu não ia nem me estressar, que se foda. Mulher é o que não tava faltando ali aquela noite e se ela viesse de papinho depois, ela ia se foder na minha mão. A Shirley veio trazer um lança pra gente passar ali, um pra todo mundo pra ninguém sair fodido dali. Principalmente eu, depois que tinha virado gerente, não dava mais pra chapar até cair. Por isso, agora eu tava só na moderação. Usar até esquecer quem eu era, de boa, se tivesse de pé tava valendo. Eu não precisava realmente estar bem, só parecer que estava.
Puxei de uma vez, dando uma baforada grande e passei pro TK. Meu pé chegou a ficar gelado depois daquela, porra, menor. Que que era aquilo?
— Saporra ai é o black, Xica? — Cheguei a tossir e a encostar a cabeça na parede, sentindo a pressão. — Tá doido, caralho.
— Do bom, né não? Sustenta, chefinho. — Ela riu, dando um beijo na minha bochecha e indo pra perto das minas que tava do outro lado, levando o negócio com ela. Depois daquela, eu até larguei a maconha e troquei por um cigarro normal. Tava chapadão já, se eu passasse muito do ponto ia ter ouvir merda depois. A nicotina fez o minha pressão baixar legal.
As minas voltaram pro nosso lado, falaram com a gente alguma coisa lá que eu não tava mais conseguindo prestar a atenção. Enquanto a Dalila e a Shirley foram buscar mais Red Labol lá embaixo, a mina do Wallace foi falar alguma coisa no ouvido do TK e parou na minha frente, se curvando pra chegar até ele, que tava no meio de mim e do Russo. Irmão... eu até me afastei pra ver melhor, porque puta que pariu, que mina gostosa do cacete. Eu já tinha reparado que ela era bonita pra caralho, mas porra, aquilo era uma covardia da porra. A bunda grande coberta pelo vestido preto curto, caralho... que vontade de dar um tapão. Namoral, aquela ali era foda, parecia que fazia de tudo pra me deixar puto com ela. A moto, a minha boca, as caras de cu e a malcriação que ela fez a porra da semana todo, marrenta demais. Abusada, po. Se não mantesse na rédea curta, ela fazia merda. Já tinha visto qual era a da parada... Mano, com ela tinha que mostrar quem que mandava, pra ela respeitar nesse caralho.
Mina problematica mesmo, daquele jeito. A merda é que a garota era linda, irmão. A boquinha que parecia sujeito passar mal, puta que pariu. Eu me esforçava pra nem olhar pra cara dela, sem condições de eu me envolver de novo com uma dessas. Depois da Larissa, eu não tinha mais paciência pra mulher filha da puta, era problema pra nossa vida. Era ela no canto dela, eu no meu e é isso ai. Já tava aturando ela todo dia na minha boca, já que o CR resolveu foder o meu batalhão. Pelo menos eu tinha me vingado direito dessa filha da puta. Não tinha feito o certo, mas fez faxina num dos lugares mais sujos que eu conhecia a semana toda. Ri com o pensamento meio sádico, lembrando o ódio dela. A mina achava que eu não reparava qual era a dela, que eu não notava que ela queria pular no meu pescoço e me enfiar a unha. Ela que tentasse, irmão...
Puxei um tragada do meu cigarro grande, jogando a bituca fora, quando ela se afastou. Era foda me manter centrado quando ela fazia essas coisas...Como se não fosse suficiente, ela passou e deu um sorrisinho, eu tive certeza que aquela porra era pra mim. Ela foi pro outro canto do terraço dançar, mexer aquela bunda dela na minha frente. A piranha ficou num lugar pra onde o meu olhar ia direto pra ela sempre que eu olhasse pra frente. Era quase impossível não bater o olho nela. Fiquei calado, até parei de conversar com os parceiro depois daquilo. Joguei a carteira de cigarro na mesa e peguei mais um balão. Me ajeitei na cadeira e fiquei ali na minha, palmeando ela de longe. Desgraçada, mano. Mulher era problema mermo. Consegui queimar dois beck em 10 minutos, de tanto que tragava aquela porra. Quando o Label chegou, eu peguei primeiro pra virar no meu copo. Foi sem Redbull mesmo.
O TK até notou que a minha paz tinha acabado e ficou me olhando de canto de olho.
— Suavidade ai, Barbás? — Perguntou, enchendo o meu copo outra vez, dando um misturada com água de coco dessa vez.
— Tudo certo, irmão. — Respondi meio seco, misturando o líquido do copo e virando na boca.
Eu fiquei inquieto, porra. Não dava não, a mina tinha conseguido tirar total o meu foco, eu só conseguia prestar a atenção nela e no monte de homem olhando pra mesma coisa que eu. Logo voltou ela e as amigas dela, sentaram todo mundo com a gente, na nossa mesa. No faro dela, veio o Marcinho Marciano, que era um falcão da parte baixa da favela, a quem o Russo convidou pra sentar com nós. Eu conhecia o cara só pelas histórias da Sandra... E falar da demônia, ela resolveu voltar pra perto, quando viu a reunião que começava ali. Acabou que ficou todo mundo naquele rolé esquisito do caralho. Todo mundo sentado na mesma mesa, bebendo e cheirando umas carreiras. A Marina ficou sentada na minha frente, com as pernas cruzadas e vendo alguma coisa no celular. A Shirley, com os papos furados dela, veio com a garrafa vazia de Label e botou no centro das mesas.
— A gente gira e quem ficar com os fundos da garrafa pergunta pra pessoa em que o bico tiver apontando. Bora, quem anima?
— Quantos anos tu tem, Shirley? Saiu da escola agora? — Eu tava meio mal humorado, tava começando a me bater um sono, um ódio, sei lá. Eu odiava que me tirassem do sério, irmão. Trabalhando comigo a tantos anos, a Xica já tava acostumada com o meu jeito quando eu ficava irritado.
— Vai ler legal, po. Bora, Barbás. — Os amigos já tinham entrado no lance da Shirley. Mais gente foi chegando e a mesa ficou cheiassa. Tava todo mundo no clima de maldade, eu tava só vendo onde as coisas iam parar...

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Amor na Guerra
Romanceㅤㅤ ㅤ"Geral quer ser rei, conspiram pro tempo que não espera. Impérios caem com novos reis, os tempos passam a ser de guerra." MC Marechal ㅤㅤ ㅤO sonho do moleque é ser chefe, o do vapor, do gerente e do segurança também é. O sonho do chefe é sobreviv...