— Que porra de gritaria é essa aqui? — Foi a voz do Barbás que eu ouvi. O que ele tava fazendo ali, mano? Como ele tinha me achado? — Olha a hora, caralho. Tá na hora de fazer showzinho na rua não.
— Ela já tá indo embora. — Minha mãe falou pra ele e entrou, batendo o portão nas costas dela. Eu fiquei ali, olhando ao redor meio desolada e com um buraco no peito. Era mesmo a minha mãe lá... mancomunada com a porra do meu inimigo. Eu tinha ido até ali procurar respostas, mas sai com mais perguntas ainda. Soluçei, chorando em voz alta, sem conseguir mais me controlar. O que caralhos tinha acontecido ali? Meu Deus...
— Tu tá maluca, Nina? Tá querendo me deixar doido? Como que tu me sai da porra daquela casa sozinha no meio da madrugada? — Ele brigou, só o tom da voz denunciando o quanto ele tava puto comigo. Eu tinha certeza que ele teria gritado comigo se não fosse ali, tão tarde da madrugada. — Caralho, eu nunca tive tanta vontade de te enfiar a porrada. Você é maluca. Maluca! Tu sabe o que tá acontecendo ai e mesmo assim mete a tua cara pra fora. Quer se matar, porra?
Eu não consegui fazer nada além de ir até ele e abraçar ele. Eu soube, no momento que eu fiz isso, que eu tinha quebrado ele também. Barbás não falou mais nada e a musculatura dele suavizou com o meu aperto. Ai eu senti os braços dele me envolverem por um momentinho. Eu só chorei com a cabeça enfiada no peito dele, chorei tudo o que eu tinha pra chorar e ele ficou ali, só me segurando por alguns segundos.
— Vamo pra casa. — Sussurrou no meu ouvido, num tom completamente diferente da agressividade de anteriormente. — Agora.
A gente subiu na moto dele e a minha cabeça tava explodindo no caminho de volta. Eu não sabia nem o que pensar e, minha mente trabalhava em mil direções. O que ela me escondia? De repente, eu tava cansada. Não sei se mental ou fisicamente... Mas eu sentia aquela canseira me oprimir e queria muito ficar sozinha com meus pensamentos. Fui quietinha até a casa o Barbás e eu notei que ele estranhou meu comportamento.
— O que tu foi fazer lá? — Perguntou de uma vez só, se apoiando no corpo da moto depois de colocá-la na garagem. Ali sim, estavamos só nós dois.
— Sei lá, eu... acho que senti falta da minha mãe. Eu tô ficando meio surtada com tudo o que tá rolando. — Disse uma meia verdade. Não queria que ele soubesse da nossa conversa até que eu tivesse entendido tudo. — Como tu me achou?
— A Madalena ficou preocupada contigo e veio me contar que tu tinha saído. O Russo tava acordado na hora e me explicou onde era a casa da tua mãe. — Contou.
— E o povo tá acordado agora? — Perguntei com preocupação. Eu não queria dar explicações pra ninguém agora.
— Não sei. A Larissa e a Dalila tão apagadas há um tempão. O Russo tava acabando o turno dele e indo dormir também, antes de eu sair. O resto da noite é do TK e se alguma coisa acontecer, ele vai me chamar lá em cima. — Contou. — Sobe direto pro quarto, amanhã tu fala com eles.
— Tô molhada, eu tenho que trocar de roupa, se não eu vou acabar acordando o Pedro.
— Eu quis dizer pro meu quarto. — Interrompeu.
— Não quero ficar lá sozinha. — Confessei, suspirando pesadamente.
— Eu nunca disse que tu ia ficar sozinha. Sobe, po. — Mandou, apontando com a mão pra porta.Passei pela sala e dei uma olhada pro pessoal. O TK tava sentado perto da janela da frente e olhando lá pra fora, meu irmão tava do lado da Dalila e a Larissa, bebendo alguma coisa. A primeira coisa que ele fez foi me olhar de canto. Dei um sorrisinho sem graça pra esse e subi direto lá pra cima, pro quarto do Barbás. Fui tirando a roupa molhada e pulei pro box, pra tomar uma ducha quente pra tirar a água gelada da chuva de mim. Me enrolei numa toalha e quando eu voltei pro quarto, William tinha acabado de chegar.
— O que o Wallace falou? — Quis saber. Eu realmente tava preocupada com o que ele ia pensar daqui tudo.
— Nada, mas ele ficou me olhando quando eu subi. Não duvido nada que ele bata nessa porta ai daqui a pouco. — Comentou. Ele parecia cansado, a expressão dele indicava que tava foda pra ele aguentar também.
— Então passa a chave. — Falei, dando de ombros.
— Dá não, se alguma coisa acontecer eles tem que chegar rápido até a gente. — Avisou, dando as costas pra mim. Nessa hora, eu deslizei a toalha que cobria meu corpo pelas minhas pernas. Ele lentamente virou a cabeça pra me olhar.
— Me distrai um pouco. Se alguma coisa acontecer a gente vai ouvir. — Pedi, dando um sorrisinho de canto. Ele foi até a porta e trancou ela, olhando pra mim de novo. O olhar intenso daquele homem parecia estar queimando a minha pele. — Rapidinho.
E eu sabia que ele ia se distrair também. Não queria que ele me pressionasse naquela hora sobre a minha mãe. William era inteligente e perspicaz. Se ele me apertasse, as minhas desculpas iam ficar parecendo mentira de criança. Além disso, eu não queria ter que ficar mentindo pra ele. Eu ia apenar omitir, nada de mentiras.
Lentamente ele se aproximou de mim e me pegou no colo. Eu beijei ele e o gelado da sua pele me deu um arrepio muito gostoso pela espinha. É, era disso que eu precisava... esquecer o meu nome e rezar pra tudo dar certo, pra ninguém querer matar a gente aquela noite.

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Amor na Guerra
Storie d'amoreㅤㅤ ㅤ"Geral quer ser rei, conspiram pro tempo que não espera. Impérios caem com novos reis, os tempos passam a ser de guerra." MC Marechal ㅤㅤ ㅤO sonho do moleque é ser chefe, o do vapor, do gerente e do segurança também é. O sonho do chefe é sobreviv...