Nesse momento, ele vacilou no aperto dos meus cabelos e afrouxou a arma, pra lamber o meu ombro. Nessa exata hora eu vi a oportunidade que eu precisava e agi, empurrando com as duas mãos o seu pulso com a pistola para fora da minha cabeça. Segurei com força e empurrei pro alto. Ele me puxou pelo cabelos para me controlar, enquanto pressionou o gatilho no instinto, dando um tiro pro alto. Aquele exímio segundo que eu consegui, porém, foi o suficiente pro Barbás agir também. Ele correu até nós e meteu a mão livre na pistola que tava com ele, apontando o cano da que tava com ele pra mão do Misael e atirando. Nessa hora, ele soltou a minha arma e o Barbás a jogou pro olho lado, enquanto se colocava entre mim e o outro. M7 ainda agarrava os meus cabelos com força, mas William o empurrou com força contra a parede, apertando o pescoço dele com força, lhe sufocando efetivamente. Demorou apenas uma dezena de minutos pro homem perder as forças nos braços e me largar.
Corri pra longe, pegando minha arma de volta e não consegui mais impedir que meu corpo colocasse todo o conteúdo do meu estômago pra fora. Tossi, me levantando e me recuperando o mínimo que fosse daquela situação. Olhei pro Barbás, enquanto respirava profundamente e sentia aquele gosto horrorosamente ácido na língua. Minha garganta queimava e meus olhos ardiam e lacrimejavam. Will, por outro lado, estava alheio a tudo isso porque nas mãos dele estava tudo o que ele tanto quis... Misael à sua completa mercê. No seu rosto, um sorriso errático se desenrolava pelos seus lábios e eu via o prazer lhe passando pelos olhos.
— Will? — Chamei e ele não me respondeu na hora, mas me olhou. — Tudo bem?
— Agora tudo ótimo. Tá bem? — Me devolveu a pergunta. Eu concordei com a cabeça. — Então vem cá, seu merda. Sem chorar, filho da puta. — E ele agarrou a blusa do M7, arrastando ele, meio desfalecido para o banheiro do primeiro quarto, ao qual a Larissa indicou. Lá era uma suíte e tinha um banheiro bem grande, com uma banheira de hidromassagem.
Saí do quarto logo depois dele, indo pra sala e dando um abraço no meu irmão. Wallace me apertou tão forte que eu senti o medo dele passando pra mim pelo nosso contato.
— Tá sentindo alguma coisa? E o... — Interrompi ele, estendendo um dedo e pedindo pra ele se calar como gesto. Coloquei uma mão entre as pernas, com medo de sentir alguma umidade naquele local. Aparentemente nada.
— Acho que tá tudo bem, eu ia estar sentindo dor se alguma coisa tivesse acontecido. — Tranquilizei ele. — O Misael deu uns 3 tiros ali no quarto, pararam na parede de concreto. Foi com a minha pistola, tava silenciado, mas é melhor avisa pro Parma e deixar ele atento pra qualquer coisa.
Peguei meu celular e liguei pro que tava na Rocinha, avisando a ele tudo o que tinha acontecido e contando que por ali, agora, estava com a situação controlada. Nesse momento, ele disse que mandaria o TK pra integrar o grupo e fazer uma vigília no condomínio. Um tempo depois que ele tivesse chegado, era pra nós terminarmos com tudo e seguir o combinado pra apagar o máximo de provas possível. Ele ia ficar de olho com o comandante.
— Tudo certo. — Decretei, concordando com a cabeça.
— Então vai lá. — Apontou pra suíte. — Vai lavar tua alma pelo que aconteceu com o Jeanzinho. Faz ele entender pro que tu veio aqui.Travei a mandíbula e concordei com a cabeça, deixando uma lágrima de pura raiva descer pelo meu rosto. Meu rosto ficou quente e vermelho pelos sentimentos intensos que me tomavam enquanto eu caminhava por aquele quarto. Botei o rosto no portal e logo vi, Barbás pressionava a cabeça dele contra a água enquanto Misael se debatia pra tentar sair dali, enquanto Larissa cronometrava o tempo. Quando ela dava o sinal, ele puxava o M7 pelo cabelo, permitindo ele respirar por alguns segundos, antes de se enfiado na água de novo. Ele tava o afogando...
Tortura era um negócio que o Barbás sabia fazer, sempre chamavam ele quando tinha alguma coisa pra arrancar de alguém. E eu sempre o via controlado, friamente aparado quando se colocava naquela posição. Ali, por outro lado, tudo o que ele queria era o sofrimento do Misael. E nós, todos nós ali naquele banheiro, aquilo era alimento. Cada esgar do M7, a dor e o desespero dele era um bálsamo pra alma, era prazeroso até o último segundo. Ele merecia, mais que ninguém, ele merecia. Sentei sobre tampa da privada, apreciando o quão deliciosamente única era aquela cena.
Um tempo depois, quando o Misael começou a desfalecer por tanto engolir água, Barbás soltou ele pro lado de fora, dando um chute na barriga dele, sendo seguido pela Larissa que fez o mesmo do outro lado. Ele tinha suas duas mãos amarradas com a silvertape.
— Acordem ele ai. — Mandou, dando as costas pra nós e saindo do quarto. Me levantei, me deixando dominar pelo sentimento doloroso de perda que me seguiria pro resto da vida. — E solta a água da banheira.
Me abaixei do lado dele, agarrando o seu pescoço com força e enfiando as minhas unhas na sua carne. Dei um tapa no seu rosto com força e ele abriu os olhos, o piscando. Misael me olhou francamente e eu me fortaleci ali, bem na frente dele.
— Você... Eu tenho tanta coisa entalada aqui na minha garganta sobre você. — Confessei, sentindo um bolo se formar e lágrimas silenciosas me descerem pela face. — Você, seu merda, e o teu coração podre, foi quem me apresentou a maldade do mundo. Eu vi o mal nos teus olhos, Misael e eu vi o que um ser humano pode fazer com o outro.

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Amor na Guerra
Romanceㅤㅤ ㅤ"Geral quer ser rei, conspiram pro tempo que não espera. Impérios caem com novos reis, os tempos passam a ser de guerra." MC Marechal ㅤㅤ ㅤO sonho do moleque é ser chefe, o do vapor, do gerente e do segurança também é. O sonho do chefe é sobreviv...