ㅤㅤ ㅤ[WILLIAM]
Eu tava puto. Não que isso fosse alguma novidade, mas aquele dia estava sendo especialmente uma merda. Como se não bastasse eu ter que aturar o choro do Caburé e do filho da puta do gerente-geral, ainda tinha que consertar a merda dos outros... Ainda tinha o caralho da minha moto. Porra, cara, que ódio da porra. A moto novinha que eu tinha conseguido na semana passada. Pra eu conseguir ficar com ela, eu tive que descer uma grana preta pro 157 que roubou ela. Tinha que ser uma piranha... Mulher é foda, sempre fazendo inferno na vida da gente. Até aquelas que a gente nem conhecia.
— Coe, TK. Sobe aqui e pode trazer os moleques contigo. Vem ligeiro que eu tô sem tempo. — Falei no rádio, olhando no relógio de ouro que eu tinha no pulso. De longe, eu fiquei olhando a retardada que tinha quebrado minha moto trocando uma ideia com o dono da autopeças. De onde ela tinha saído, porra? Quem chega na Rua 1 quebrando um bagulho que ela nem sabia da procedência? Doença mesmo. O rosto dela não me era estranho, mas eu não conhecia não. Essa favela é grande pra caralho também, se eu tivesse que lembrar de todo mundo eu tava é fodido. Mas na boa mesmo? Se eu realmente já tivesse visto ela alguma outra vez, eu me lembraria, certeza. Ela não é dessas que passa despercebido por ai... pena que era abusada demais pra viver entre gente. Maluca da porra.
No meu bolso, o celular tocava a rodo. Na tela estava o nome da outra: Sandra.
— Que que foi, Sandra? Já não me arrumou muito problema não, porra?
— Ai, desculpa, Will. A culpa não é minha, é daquela surtada do caralho. Ela é assim desde a escola... aquela puta. — Choramingou e eu bufei.
— E o que eu tenho a ver com teus problemas? Ô, tô puto agora, vou desligar. — E já ia metendo o dedo no vermelho. A Sandra era foda, mas eu gostava de comer ela. Não queria sair sendo grosso com a garota, se depois ela ia chorar e ia vir de tititi pra cima de mim depois. No final, ela ia terminar dormindo na minha cama de novo e, mano, eu tratava as minas que colavam comigo direito. Não era pra esperar florzinha, nem chocolate, mas eu fecho com quem fecha comigo.
— Pera ai, posso passar na tua casa mais tarde?
— Vou ver, depois te ligo. — Desliguei assim que o meu melhor segurança parou do meu lado de moto.— Qual foi, Barbás? — Perguntou, estacionando a moto dele. Mais uma vez o meu celular não parava de apitar no meu bolso. Tinha dado uma merda do caralho no recebimento da entrega de maconha de ontem e o caderno da boca não tava batendo. Eu tinha que resolver essa pica de uma vez ou o Caburé ia ficar enchendo o saco.
— Coe, sabe minha moto? Vou ter que trocar a lataria toda da parte da frente por causa de uma briguinha daquela ali com a Sandra. — Apontei pra direção da oficina. — 'sa porra dessa garota destruiu a lateral da minha moto, vai lá e cobra essa fita ai pra mim. — Pedi, digitando uma mensagem ligeira no whatsapp pra Shirley, a mina que coordenava as coisas quando eu não estava presente na Barcelos. — Não vou poder ficar, deu merda lá no meu ponto e eu tenho que sair pra resolver.
— Suave, po. Só avisa pro patrão lá antes o que rolou, pra não ficar com essa na minha responsa. Tem que ver se ele vai deixar, né parceiro?
— Vou passar um rádio pra ele agora aqui. Ele não tem que impedir nada não, não foi com ele a bosta. Se fosse, certeza que ela ia estar com a cabeça raspada já. — Falei, já guardando o celular e ajeitando a arma na cintura pra ir descendo a rua. — E ô, não é pra machucar muito a garota não. Só pra ela ficar esperta nessa porra.
— Fechou. — Ele atravessou a rua com os 2 moleques que tavam com ele e eu fui descendo a rua até um ponto de moto táxi ali perto. Fiz o que prometi e passei um rádio avisando o que tinha rolado pro CR. Ele ainda era o chefe e eu devia explicação a ele, normal. Como eu já tinha imaginado, ele tava pouco se fodendo e mandou eu passar o corretivo. Na hora que eu tava chegando pra pegar uma corrida pra Barcelos, um brother das antigas meu brotou meio afoito na minha frente.
— Coé, Barbás. Tu viu minha irmã por ai? — Perguntou, tava na cara que ele tava nervoso.
— A Dalila? A última vez que eu vi ela foi no baile, irmão.
— Não, a Marina, cara. Ela é baixa, pele morena, cabelo preto e liso. Ela tem uma tatuagem no braço. — Foi descrevendo e a ficha foi caindo pra mim. Levei uma mão ao queixo, pensando se podia ser a menina.
— Tava de camisa branca escrito uns negócios em inglês lá? Ela não parece contigo.
— Isso ai, parceiro. É de consideração, po. Cresceu comigo. Onde tu viu ela?
— Saquei. Ô Russo, já te adianto que tua irmã fez merda e tá com o TK lá. — Mandei de uma vez, sem querer me comprometer muito com o cara. O Russo era um cara gente finíssima e eu tinha uma puta consideração por ele.

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Amor na Guerra
Romanceㅤㅤ ㅤ"Geral quer ser rei, conspiram pro tempo que não espera. Impérios caem com novos reis, os tempos passam a ser de guerra." MC Marechal ㅤㅤ ㅤO sonho do moleque é ser chefe, o do vapor, do gerente e do segurança também é. O sonho do chefe é sobreviv...