Ele negou com a cabeça de novo e eu vi as bochechas dele ficarem vermelhas. Ri, levando uma mão à boca.
— Tá com vergonha? Que bonitinho. Jurei que eu ia morrer sem ver isso acontecer. — Brinquei e recebi um olhar duro dele.
— Para de debochar de mim. — Disse sério.
— Não tô debochando, tô esperando você repetir.
Barbás respirou fundo e voltou a olhar pra mim, um sorrisinho de canto, provavelmente de constrangimento, dançava pelos seus lábios. Fiquei feliz de ver a expressão dele bem mais leve, de alguma forma, eu tinha conseguido distrair ele dos seus pensamentos destrutivos. Mesmo que por um momento, eu fiquei realmente contente de ter alegrado a existência dele.
— Eu te amo também. — Falou, olhando pra mim diretamente.
— Ama mesmo? — Eu tava morrendo de felicidade de ouvir aquelas palavras dele e saber que era correspondida. Num mundo puta tenso e triste como estava sendo ultimamente, aquele momento de amor e felicidade genuína era um tiro de luz na escuridão. No meio de todas as coisas ruins, ainda havia o bem e era ele que nos dava o fôlego pra continuar.
— Nina?! — Brigou e eu ri, indo saltitando pra direção dele e me jogando nos seus braços de novo.
A gente piscou e as nossas roupas foram todas parar o no chão da sala, espalhada pela sala e sobre os sofás. Ali, protegidos pelo calor do tapete, a gente se entregou de novo à aquela paixão violenta que a gente sentia um pelo outro.
Ele me massageava com calma, deslizando um dedo pra dentro de mim e esfregando lá dentro, enquanto minha boca estava no seu pau. Passei a lingua por toda a extensão e o coloquei até onde conseguia, até onde minha garganta conseguia ir. Num ritmo constante, eu chupei ele inteirinho por vários minutos a fio. A demora começou a matar a gente de tesão, então, eu não demorei pra montar dele, sob os protestos de que eu não deixei ele me chupar direito.
Injusto ou não, eu só queria sentir ele dentro de mim de novo. Aquela junção carnal era mais do que tesão, era o conforto de ter ele comigo ali num ato puta íntimo. Lentamente, eu comecei a subir e a descer no pau dele, aumentando o ritmo gradualmente, conforme a necessidade ia se tornando mais voraz e consumindo a gente... na verdade, até o Barbás cansar de ser provocado pelo meu ritmo e me virar de costas, assumindo ele mesmo o controle da situação.
Assim a gente se perdeu de novo e de novo, na atividade que a gente mais gostava de fazer.
[...]
Estava começando a amanhecer e a gente tinha dormido muito pouco. A verdade é que ali na nossa bolha era quase a personificação de um sonho. Deitados naquela cama confortável, iluminados pelo abajur e embalados pelo silêncio da madrugada dava uma falsa sensação de paz. O som de um único disparo nos sobressaltou, mas como nada se seguiu, a gente voltou a deitar. Passei o braço pela barriga dele e fiquei ali uns minutinhos.
— Eu tava quase conseguindo dormir, puta que pariu. — Reclamou ele. — Amanhã eu tenho que estar lá no turno quando bater 8 da manhã.
— Por isso tá ficando com olheiras, não dorme... dá nisso. — Briguei, meio sonolenta. — Tu não vai aguentar muito tempo nesse ritmo ai não, Barbás.
— Não vou aguentar? — Ele riu, passando a mão no rosto. — Eu vou aguentar essa porra e muito mais. Eu só vou descansar nesse caralho a hora que meu filho sair do hospital e eu matar o M7. Antes disso, eu vou trabalhar pra caralho até chegar lá.
Pressionei os lábios uns contra os outros, passando a mão pelo abdômen dele. A verdade é que eu compartilhava daquele sentimento corrosivo. Vingança era um veneno, depois que entrasse na sua corrente sanguínea, ia pra cabeça e já era. Aquele era o teu propósito, a tua motivação. Depois do Pedro e dos meus irmãos, eu tinha que admitir que tinha sido infectada também. Pouco a pouco, a misericórdia foi deixando o meu coração e eu só queria a justiça mais dura que um homem podia oferecer ao outro. Mesmo assim, eu não queria incentivar o Barbás à aquele tipo de comportamento, eu tinha medo dele ficar maluco e se expor de novo. Ele precisava manter a cabeça dele no lugar.
— Sabe o que eu quero fazer, quando isso tudo acabar? — Perguntei, me virando de lado, pra olhar pra ele.
— Fala.
— Eu queria viajar.
— Comigo? — Rebateu, rindo. — Tu esqueceu que eu não posso pegar avião, mulher? Nem ônibus de viagem que precise mostrar identidade.— A gente não precisa ir pra longe. Sabe um lugar que sempre sonhei em ir conhecer? É aqui no Rio mesmo.
— Região dos Lagos? — Chutou.
— Angra dos Reis. Ilha Grande, na verdade. Minha mãe me mostrava umas fotos dela e do meu pai lá quando eu era criança, a água era azulzinha, tinha uma tartaruga, estrela do mar e um monte de mato ao redor. Tinha tipo uma praias desertas de filme... — Fui descrevendo com empolgação. — É lindo pra cacete.
— Eu sei, eu já ouvi falar. Nunca fui. — Falou.
— A gente podia ir quando tivesse assim... uma férias, sabe? Pegar um carro e ir até lá. Dá pra te arrumar uns documentos falsos e tudo.
Ele riu de novo e esfregou os olhos.
— Você sonha pra caralho, Nina. A gente pode não estar nem vivo amanhã. — Disse.
— E você sonha muito pouco. Bora, vamos viajar quando isso acabar. — Rebati, me sentando na cama, de frente pra ele.
— Tá bom, vamos. — Cedeu depois de um tempo de insistência. — Quando acabar tudo, a gente vai pra Ilha Grande nadar com as tartaruga, beleza?
— Promete? — Perguntei, estendendo o dedinho pra ele. Mais uma vez ele achou graça. Eu sei que é aquilo era um juramento de criança, mas era muito verdadeiro e isso pra mim bastava. Não havia mais inocência e transparência que em uma criança, afinal.
Barbás enrolou o dedinho dele no meu, entrando na brincadeira. Foi um tempo tão leve que a gente esqueceu que no dia seguinte, a realidade voltava a nos chamar pro dever.
No dia seguinte, a gente ia voltar a patrulhar as fronteiras, a discutir uma maneira de tomar a Rocinha toda e a pressionar minha mãe por informações. Naquela madrugada, porém, eu e ele dormimos agarrados, com a sensação de que teríamos força pra lutar contra o mundo todo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor na Guerra
Romanceㅤㅤ ㅤ"Geral quer ser rei, conspiram pro tempo que não espera. Impérios caem com novos reis, os tempos passam a ser de guerra." MC Marechal ㅤㅤ ㅤO sonho do moleque é ser chefe, o do vapor, do gerente e do segurança também é. O sonho do chefe é sobreviv...