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Eu e o Russo confirmamos a história da mãe e, irmão, tava claro pra todo mundo que Misael era um incompetente do caralho. Aquilo era tudo era inegável e eu sabia que ela tava falando a verdade, mas mesmo assim... ainda faltava a confiança dos outros dois. Parma não tava exatamente acusando ela de nada, mas não parecia 100%. O Peralta parecia que não tinha escutado porra nenhuma do que ela tinha falado e continuava acusando a mina de ser X9, infiltrada e os caralho. Começou a rolar uns foco de discussão entre ele e o Russo e eu e o Parma apartamos.

— Tá na hora da gente ficar lutando assim não, parceiros. Nós somo amigos, aliados, porra. — Parma falou alto. Entrando no meio dos dois. — Namoral, por hoje deu. A gente ouviu ela, mas tem que pensar no que foi falado e refletir. Bora todo mundo voltar pro esconderijo antes de anoitecer, porque depois começa as ronda noturna de PM e ninguém tem que se arriscar não.

— Vou levar ela pra casa antes de ir. — O Russo falou e o Peralta tiltou de novo. Eu tava começando a ficar de saco cheio com o jeito dele, irmão...

— Cês tão deixando essa X ai ir pra casa pra deixar o papaizinho dela bem informado de tudo que tá rolando aqui. — Falou e o Wallace fechou a cara de novo e eu segurei o braço dele.

— Segura ai irmão. — Sussurrei pra ele.

— Po, então vamo fazer o seguinte? Deixa ela aqui trancada, sem celular, sem comunicação. Assim a gente garante que ninguém tá dando planta pra ninguém, correto? — Parma sugeriu. — Até a gente decidir o que vai fazer, resolver como vai ser, ela fica aqui como se tivesse num escondida que nem a gente, pronto. Um dos moleque fiel vem aqui trás água e comida pra ele todo dia.

— Essa casa não tem quase móvel nenhum, Parma. — Falei. — Tem que mandar trazer uns colchão pra ela ficar numa boa aqui.

— Eu vou mandar a Dalila trazer roupa de cama pra ela, ela vai dar um jeito nisso tudo ai pra gente. — Falou o Russo a contragosto. — Tu vai ficar numa boa aqui, Nina? — Perguntou pra ela, virando de costas pra gente.

Ela não tinha gostado da ideia de ficar socada ali dentro, mas não rebateu e nem reclamou. Sabia que não tinha jeito, era isso ou isso. Melhor que deixar o Peralta ficar envenenando a cabeça dos outros a ideia de que ela era 'Judas'. Era uma maneira de garantir de que ela não ia fazer nada e não contestar isso só mostrava a sua inocência, então, ela só aceitou.

— Tá beleza, então, vamo providênciar isso ai. Já as tuas coisas chegam, Marina. — O Parma falou e o Russo foi até ela dar um beijo na testa antes de sair. Peralta saiu bolado na frente, depois o Parma foi trancar tudo e deu a chave na minha mão. Eu fui o último a sair. A gente só ficou se olhando por vários segundos, sem dizer nada. Ela podia estar chateada comigo, mas eu tava puto. Ela podia não ter traído da favela, mas era como se tivesse traído a mim. A desconfiança que ela demonstrava em relação a mim fazia eu me sentir um merda, ela não tinha me contado das planos dela, não tinha tido amor pela porra da vida dela e nem pensando em mim quando foi lá se dar que nem um boi pro abate. Tudo no que ela tinha feito era como uma facada em mim. Ela tinha sim, faltado com honestidade comigo e isso eu não aceitava. Eu não queria nem papo agora, eu tava puto e não queria olhar outra vez na cara dela.

Dei as costas e bati a porta, passando a chave e colocando o meu boné na cabeça, fechando o casaco. Indo beco adentro pro lugar onde eu me escondia.

Amor na GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora