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No instinto, eu ergui a pistola pra cara do sujeito. Levei só alguns momentos pra notar que não era o M7 apesar da fisionomia lembrar muito. Atirei contra o ombro dele assim que ele pulou no lugar, não sabia se de susto ou se ia correr, na dúvida, era bom impedir. Ele terminaria morto de qualquer jeito, não fazia diferença economizar bala agora pra gastar depois. Nessa hora, Barbás pulou pra dentro do apartamento com a mão na boca dele, pressionando ele contra a parede. Todo mundo entrou e o Russo fechou a porta, passando a chave que tava na tranca.

— Cala a boca, cala a porra da boca, porque se tu falar um 'a', eu vou encher sua cara de bala. — Barbás falou, pressionando o cara com força. Ele se debatia no lugar e o Russo jogou a mochila dele em cima do balcão da cozinha americana, tirando aquelas fitas pratas de dentro. — Cadê a porra do teu irmão? Aponta, bora. Ele tá aqui dentro? Aponta, porra.

Ele não falou nada, não gesticulou nada a princípio, enquanto o Wallace enrolava uma silvertape ao redor da cabeça dele. William começou a bater nele, como o esperado. Com uma joelhada no rosto, o sangue esguichou do seu nariz e ele começou a engasgar com o líquido vermelho. A ânsia de vômito veio na mesma hora, me revirou legal o estômago os sons que ele fazia, por isso, eu corri pra longe da cena, resolvendo procurar pelo Misael pelos quartos da casa. Larica veio comigo. Ela entrou em uma porta e eu na outra. Nada! O meu era só o banheiro. Era um apartamento grande, então, eu fui para a seguinte. Abri a porta e entrei com a pistola em punho.

Nessa hora, eu fui agarrada pelas costas e dei um gritinho assustado, sem poder conter o susto. Me debati, tentando me jogar no chão e impedir que pegassem a minha pistola. Eu não podia ser desarmada de jeito nenhum... Tentei dar cotoveladas nele, chutes de meia perna, fiz tudo o que deu na minha posição, mas o estranho estava em privilégio só por ter me pegado de surpresa. Eu não queria me virar de frente, pra lutar, onde eu, provavelmente, teria melhores chances, já que isso significaria não conseguir proteger a minha barriga. Essa, nessa hora, era a minha absoluta prioridade. A minha hesitação em me defender propriamente abriu precedente pra ele segurar o meu cabelo com força e me pôr de joelhos, ainda de costas. Me encolhi que nem uma bolinha e recebi um chute na costela. Gemi, respirando fundo e abrindo mão da arma, pra ele não me bater mais. Eu não podia apanhar daquele jeito, não na minha condição...

Assim que ele conseguiu ter a minha pistola, o homem enganchou os dedos nos meus cabelos e me puxou pra cima, de joelhos. Colando o seu rosto no meu e me dando um beijo na bochecha.

— Oi, meu amor. — Sussurrou aquela mesma voz que falou comigo no telefone há um tempo atrás. A voz que parecia o meu agouro da morte. — Senti sua falta.

— Vai se foder, seu merda. — Xinguei, com a mandíbula trancada.

Misael sorriu, endireitando a coluna quando notou a movimentação de gente dentro do quarto. Larissa gritou os outros dois e, logo na porta, eu vi o Barbás mandar o Russo ir ficar com o irmão do M7 na sala. Meu irmão naquela situação iria se desesperar e isso não ia ajudar ninguém. Eu confiava muito mais no controle mental do Will, apesar dele não estar nos seus melhores períodos.

— E ai, Barbás? — Falou, com um sorriso de desgosto no seu rosto. Eu via o medo e o nervoso lhe atingir como ondas. Os seus dedos que me seguravam estava frios e ele suava. — Tranquilidade, meu parceiro? — Debochou.

— Toda, meu irmão. — Respondeu no mesmo tom, deviando o olhar dele por um segundo, pra se assegurar que eu tava bem, antes de voltar à olhar pro seu inimigo mortal.

— Veio fazer o que aqui? — Perguntou com a voz baixa, eu me encolhi minímamente.

— Eu? Você sabe o que eu vim fazer aqui. Fala ai, eu sei que tu sabe.

— Tu veio me matar. — Disse, puxando os meus cabelos com força e sacudindo. — Mas antes de mim vai essa tua puta aqui.

— Tu tem ela, eu tenho teu irmão. É uma troca, tu mata ela e eu esfolo ele na tua frente. — Disse com um sorriso de canto, sem me olhar um momento sequer. Ele tava focado. — Tu escolhe.

— Po, então a gente pode começar? — Respondeu, rindo e me puxando pra cima, pra me colocar de pé. — Eu não tenho uma faca aqui, mas tem muita coisa que eu posso fazer com a tua mulherzinha. — E beijou o meu pescoço e mordiscou a minha orelha. Fechei os olhos, tentando controlar a nojo e a vontade incontrolável de vomitar que tava me subindo. Involuntariamente, eu tentei me afastar e o que recebi foi um puxão de volta e uma mordida forte no pescoço. Controlei o grito na minha garganta e o que me deixou foi um choramingo de puro desespero. Olhei pro Barbás, que vacilou por um momento. Ele trancou a mandíbula e cerrou os punhos com força. Sabia que não podia perder o controle, não podia fazer nenhuma merda e que era exatamente isso o que o Misael queria dele. E eu queria estar ajudando ele e não deixar transparecer as coisas que eu tava sentindo...

Meus olhos lacrimejaram e eu mirei ele fixamente. Fiz um sinal muito discreto com as mãos, apontando pra cima. Ele me encarou, olhando diretamente na minha íris e depois pras minhas mãos. Eu via o fio de sanidade ao qual ele se agarrava e eu precisava que continuasse daquele jeito. Não sabia se ele tinha entendido de primeira, mas quando acontecesse, sabia que o recado ia ficar extremamente claro pra ele.

— Seu merda. — Barbás murmurou, entre dentes, o que deixou sua voz rouca e extremamente ameaçadora. — Quando eu botar minha mão em você, mermão...

— Tu vai fazer o que?! — Provocou. — Tu vai levar o corpo da tua mulherzinha junto com o meu. — Disse, afastando o meu casaco e a minha blusa, expondo a pele do meu ombro, onde ele passou a língua. — O que tu vai fazer, Barbás? — Continuou.

Amor na GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora