— Bora, porra. É pra hoje, vai lá pegar a porra do dinheiro. — Ele apontou pro saco com a pistola na mão de novo. — Bora, meu filho, tenho o dia todo não. — Apressou.
Pirraça saiu do choque por ter apanhado e foi na direção do dinheiro com a mão no nariz, pegando o saco. O motorista que veio com ele tinha saído do carro e vindo ver o que tava rolando pela movimentação esquisita.
— Que isso, cara? — Perguntou olhando pro parceiro com o nariz sangrando, Pirraça passou por ele sem falar nada, direto pro carro do outro lado da rua.
— Tô ensinando teu amigo ai à ter respeito pela casa dos outros. Avisa pro teu chefe que a próxima que esse merda fizer aqui dentro, eu vou passar fogo nele. — Disse, largando o fuzil e passando pra trás de novo. — Toda vez isso, porra. Toda semana eu tendo que aguentar esse pau no cu ai...
— Vou falar com ele. — O outro, muito mais moderado e sensato que o Pirraça, disse. — Eu vim aqui entregar pra tu um negócio do patrão lá. — Ele tirou um papel do bolso e entregou pro Barbás. — Só isso mermo, desculpa qualquer coisa ai, meu chefe. — E saiu. O TK escoltou ele de volta pro carro deles. Barbás olhou pra mim canto, puto, querendo saber o que tinha rolado ali.
— Tenho culpa de nada, ele que é abusado, ué. — Falei e ele, óbvio, não acreditou. Ele só não discutiu porque tava entretido com o papel que o Mandarim tinha mandado pra ele. Me aproximei pra ver o que tinha escrito ali. Vi a raiva dele se transformar em algo além, que iluminou os seus olhos. Um sorriso obscuro surgiu no rosto dele, que bateu o dedo no papel. Toda a tensão se desfez dos ombros dele em instantes. No papel tinha um endereço, eu não entendi bem pra que era, mas que tinha deixado o Barbás feliz era um fato. Fiquei curiosa.
— Que isso? — Perguntei, olhando as palavras no papel pequeno. Ele só me olhou e não falou nada, guardando a informação no bolso.
— Ô Barbás. — O TK voltou depois de ter despachado os dois. — Isso ai vai dar merda com o Mandarim lá, hein?! — Falou, com a cara preocupada. — O cara vai chegar lá no Galo sangrando pra caralho.
— Posso fazer nada, meu irmão. — Respondeu. — A merda que der eu resolvo depois. Leva a Nina pra casa pra mim ai, que eu tenho uns negócio pra fazer ai ainda.
Eu ia rebater, dizer que queria bater uma perna na Ápia, mas não tava afim de atrapalhar ele mais. Sabia que eu já tinha causado ali com o Pirraça, era melhor ir pra casa mesmo e evitar a briga com ele. Até porque, certeza que o Barbás ia perguntar pros meninos ali o que tinha acontecido pro Pirraça vir pra cima de mim e eu não queria estar por perto pra ouvir os tiltes dele.
Assim, aceitei numa boa, engatando meu braço no do TK, como se ele fosse meu BFF e a gente saiu dali. Lá fora ele negou com a cabeça, olhando pra mim. Tinha alguma coisa de divertimento no seu rosto, mas ele tentou controlar, pra me passar um sermão.
— Tu não é mole, hein, Nina?!
— Se eu pudesse, fazia pior até. O Pirraça não vale o chão que ele pisa. — Disse, subindo na moto dele. — Tu sabe o que tem no papel que mandaram pro Barbás?
— Sei não, vi nem o papel, pra te falar a verdade. — Comentou, dando partida na moto. Ouvimos o motor roncar. — Mas deve ter alguma coisa a ver com o M7. Ele e o Mandarim tavam batendo informação pra ver se achavam esse merda ai.Fiquei com aquilo na cabeça. Passei o resto do dia em casa com isso me martelando. Ficar ali sem fazer nada, só dando asas à minha imaginação, começou a me deixar ansiosa. Sentei no sofá e comecei a passar os canais da TV. Era desinteressante, mas pelo menos eu tinha um objetivo: chegar ao final da grade. Caralho... eu tinha que voltar a trabalhar o mais rápido possível, as "férias" que eu tava tirando já tinha dado o que tinha pra dar. Quando o Barbás voltasse mais tarde eu ia falar isso com ele.
Achei que fosse morrer de tédio, ai a campainha tocou e eu pulei no lugar. Não tava esperando companhia, mas na boa? Que bom que tinham vindo me salvar daquela monotonia do caralho. Antes que tivesse ido pra Ápia... Levantei e fui correndo atender o portão. Quem apareceu ali na frente me surpreendeu até.
— Larica? — Perguntei, olhando ela esquisito. Eu nem imaginava que seria ela que estava ali. — Alguma coisa aconteceu com o Pedro?
— Não, ele tá de boa. O Barbás tá ai? — Questionou, parecendo meio inquieta.
— Não... Ele tá por ai. — Dei de ombros. — Mas entra ai, deve ser importante. Eu ligo e vejo se ele pode passar aqui. — Abri espaço pra ela entrar. Pra minha surpresa, ela não negou e entrou mesmo.
Servi ela com um dos whisky que a gente tinha ali e fiquei bebendo com ela. Larissa falou sobre o Pedro, como o estado dele estava melhorando significativamente a cada semana e como era uma vitória. Depois falamos um monte de trivialidades e eu fui me surpreendendo mais ainda, porque eu nunca achei que eu e ela fossemos capazes de ter um diálogo tão amigável. É... eu me sentia muito madura por causa daquilo. Ainda sim, eu via que a Larissa estava meio apressada e me perguntei o motivo. Por mais que eu ligasse pro Will, ele não tava atendendo, então, não tinha muito o que eu fazer por ela.
— É, o telefone dele não tá nem chamando. — Dei de ombros. — Você tá com pressa?
— Tô, eu tenho que voltar pro hospital. — Murmurou o que eu já desconfiava.
— Tem que ser só com ele? Eu posso passar o recado. — Confirmei e ela pareceu não confiar 100% no que eu tava falando. Notei que era algo delicado, então, fui até a porta da frente e fechei, fechando as janelas também. — Só nós duas.
— É... — Ela suspirou. — O amigo nosso que tava investigando o negócio do Misael lá na Barra descobriu um negócio interessante. Ele tem que saber o mais rápido possível.
— Tu pode falar o que é? — Perguntei e ela concordou, suspirando de novo. Da parte interna no casaco, ela tirou um envelope dobrado e de lá, tirou uns papéis, vindo na minha direção com eles na mão.
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Amor na Guerra
Romanceㅤㅤ ㅤ"Geral quer ser rei, conspiram pro tempo que não espera. Impérios caem com novos reis, os tempos passam a ser de guerra." MC Marechal ㅤㅤ ㅤO sonho do moleque é ser chefe, o do vapor, do gerente e do segurança também é. O sonho do chefe é sobreviv...