176

1.3K 108 5
                                    

— Tá maluco? Eles vão matar a gente porra. Vamo trocar tiro de pistola com fuzil? — Ela gritou, levando as duas mãos à cabeça. Eu já não sabia mais o que pensar dali... Porra... Se ela tivesse junto com eles, eu não sabia nem o que eu fazia. Caralho, não dava pra acreditar que a mulher com quem eu tava dormindo toda noite, a minha mulher, tivesse me botado pra trombar com a polícia. Não tinha como ser isso, irmão.

— E mais o que? Tu quer que eu me entregue de boa? — Perguntei, com uma ponta de desconfiança. — Bora trocar tiro nessa porra.

Com a respiração ofegante ela andou de um lado pro outro e passou as mãos pelo resto e pelos cabelos.

— Não dá, Barbás. — Ela gritou comigo de novo e eu dei um passo pra trás, levantando a pistola no instinto. A intenção inicialmente não era apontar pra ela, mas a Nina acabou ficando no meio do caminho. Nem eu sabia mais o que eu tava fazendo, fazia um tempão que eu não sabia o que era ficar sem rumo daquele jeito. Ela paralisou e piscou.

— Você tá maluco. — Choramingou, a voz muito mais aguda pelo nervoso. — Eu tô grávida, porra. A gente vai ter um bebê... — Anunciou e foi como se eu já tivesse tomado um tiro no peito. Franzi a testa, sentindo falta de ar. Puta que pariu, irmão. Que porra era essa? Olhei pra ela assustado na mesma hora. — É verdade, a gente vai ter um filho, Will. Eu tô grávida...

Neguei com a cabeça, apoiando as mãos no joelhos. Eu devia parecer muito infeliz e fatigado, porque era exatamente assim que eu me sentia naquela hora. Irmão, como assim eu ia ser pai de novo? Por que eu tava sabendo disso só naquela hora? Caralho, porra...

— Eu queria te contar quando a gente chegasse em casa. — Sussurrou, chorando abertamente. Senti o meu nariz arder e meu olho lacrimejar. — Que a gente é uma família... Eu sei que tu não queria, mas sei lá... só aconteceu.

Eu não consegui dizer nada, só olhar pra ela e sentir uma tristeza absurda me pegar. Minha mente divagou em mil direções. Não tinha mais o que fazer ali, era o final da linha. As blazer da PM pararam nas costas da Nina, jogando o farol forte na nossa cara. Protegi os meus olhos com as mãos e ela fez o mesmo. Ouvi o sinal sonoro vindo da viatura mandando largar as armas e não resistir.

Se eu atirasse ali agora, ia morrer eu e ela... ou talvez só eu. E irmão, eu não queria morrer ali. Aquele sítio de merda não era o final do meu caminho. Ainda não... Tirar cadeia era o pior pesadelo de qualquer homem nas minhas condições, mas não era o fim. Não pra mim.

Nina ficou de joelhos e se enrolou que nem uma bolinha no chão. Lentamente, eu coloquei a arma no chão e me ajoelhei também, colocando as mãos atrás da cabeça. Dali pra frente eu fui no automático. Só levantei de novo algemado, pra entrar na parte de trás da viatura.

Amor na GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora