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Fiquei ali por um tempo olhando pro corpo, depois pro Barbás. Depois levei as mãos ao estômago e me debrucei sobre a tampa da privada, vomitando mais uma vez. Sangue sempre me incomodou, mas agora estava me revirando legal o estômago. Eu queria muito sair dali, já tinha feito o que eu queria naquele lugar e, agora que o desejo de vingança já tinha sido satisfeito, o apartamento não me parecia mais tão legal. Barbás lavou as mãos na pia e me ajudou a levantar, em silêncio. Lavei a boca e virei pra ele, suspirando pesadamente.

— Que foi? Ficou com nojo? — Ele estranhou.

— Não. Depois eu te explico. — Garanti e ele fez um carinho sutil nos meus cabelos. — Vamo ajudar o pessoal pra gente poder sair daqui logo.

— Vai indo lá com o teu irmão e a Larissa. Eu tenho que escoar esse sangue e trabalhar eles aqui. Avisa pro pessoal que eu vou vedar tudo aqui. — Falou, dando um beijo na minha testa.

Eu fui pra sala e ajudei o pessoal a limpar tudo. Passamos pano, espalhamos um monte de pedrinhas de cheiro pela casa, ligamos a TV e deixamos num volume 'ok' para enganar e dizer que tinha alguém na casa. O que deu pra fazer pra passar em branco a nossa presença ali, nós fizemos. Russo tinha trago vedações de borracha pra colocar nas portas e janelas do apartamento. Colocamos na suíte toda, na porta do quarto e depois na porta da sala. A ideia era retardar o único sinal que ia alertar a todo mundo que tinham corpo em decomposição ali: o cheiro.

Avisamos ao Parma, que nos disse que o TK devia estar a caminho, e ele deu o 'ok' pra gente sair. Agora a gente ia sair dali e dar um jeito nos carros que a gente usou, depois, era só pegar uma corrida até a Rocinha.

Nos redistribuímos pra despachar os carros. Eu quis ficar com o Barbás, então, a Larica e o Russo foram juntos no outro. Saímos pela lateral e tudo parecia ter dado muito certo. Respirei aliviada ao pegar a avenida de novo e ver as luzes da cidade. Nós iriamos até Vargem Grande despachar o carro, enquanto meu irmão e a Larissa iam pra dentro do Camorim fazer o mesmo. Olhei pro Barbás, enquanto ele dirigia, encontrando ele com uma expressão muito suave no rosto. Tranquilo... Muito tranquilo.

— Você parece estar feliz. — Falei pra ele.

— E eu tô. Pra mim essa história acabou de vez agora. — Confirmou o que eu já desconfiava. — Você tá? Feliz.

— Tô. Agora a gente vai entrar numa fase diferente na nossa vida. — Garanti, sorrindo. — Vamos continuar com a nossa rotinazinha de casal... como a família que a gente é agora.

— Pois é. — Ele concordou com a cabeça, sorrindo também.

— Valeu a pena ter tentado, né? Fala pra mim.

— Claro que valeu a pena. — Ele deu de ombros. — Eu amo você.

— Eu também te amo. — Pisquei, meio chorosa pela declaração. — Depois eu tenho que te explicar umas coisas ou outras...

— Ah, fala de uma vez, vai. Sem história. — Pediu, mas eu queria fazer daquele momento especial... Tinha que ser na nossa casa, na nossa cama, no nosso espacinho no mundo.

— Mais tarde. — Prometi. — Quando a gente tiver tomando um vinhozinho e fazendo amor, eu conto. — Disse, olhando pra ele com todo a paixão do meu coração. Dali, cruzamos o Recreio inteiro e seguimos Vargem Grande a dentro.

Amor na GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora