Fui atrás dele, quando ele passou pela porta e parou na frente do M7. Nessa hora, Barbás chegou também, junto com o Russo e o TK. Enquanto o meu irmão e o Tulio pararam do meu lado, o Barbás passou direto pra ir falar com o CR. Internamente, eu dei graças a Deus que ele tinha chegado.
— Caburé, segura ai, irmão. — Falou William, meio afoito indo pro lado dele.
— Que bom que tu chegou, parceiro. O Misael pegou o rato. — Anunciou o Salvador, enquanto o Misael ia pra parte de trás do carro e abria a porta.
— Que? Pegou o rato? — Ele perguntou, puta desconfiado. — Não, irmão, tu não tá entendendo. Ele é...
— Fica nervoso não, Barbás. Aqui é assim, errou, tu paga. — O próprio M7 interrompeu ele, olhando pra cara dele com um risinho no rosto e a voz carregada de deboche.
— Do que tu tá falando, seu filho da puta? — Barbás parecia puto pra cima do Misael e eu puxei ele discretamente pra trás pela camisa. Eu não tava entendendo porra nenhuma, mas o clima tava ficando quente ali.
Todo mundo parecia querer saber quem era a porra do X9 que o Misael tinha pegado, principalmente o Caburé, o que fez com que ele não escutasse na hora o que o William tinha pra falar.
O deboche do M7 se justificou quando ele colocou a mão pra parte de dentro do carro e puxou uma mulher pelos cabelos pra fora. Só pela cor dos fios eu já soube quem era e eu ai sim eu gelei no lugar. Larissa...
Ela tava amarrada, pelas mãos e amordaçada, com sangue descendo pelo nariz e lágrimas nos olhos. Parecia ter apanhado um pouco antes de estar ali, tanto que quando ele deu um puxão nela pra fora, ela caiu de joelhos no asfalto. O olhar de todo mundo ali foi de susto, surpresa e de descrença. Ela? Olhei pro Barbás na mesma hora e eu vi ele ficar completamente paralisado no lugar, pálido que nem um corpo.Ai, eu vi o ódio atravessar o olhar dele. Não irritação, não raiva... o brilho do ódio. Ele apertou as mãos em punho e toda a sua expressão de transformou de repente. M7 o desafiava com pura zombaria nos olhos, sorrindo de canto para ele. Tinha faíscas no ar, eu conseguia sentir isso, todo mundo conseguia. Agarrei os dois braços dele, com medo de que ele fizesse alguma merda. Eu tinha a impressão de que o primeiro que desse um passo fora ali ia tomar um tiro. O clima tava pesado, carregado.
— Esse filho da puta... — Disse com os dentes apertados uns os outros, a mandíbula travada de tanta força que ele fazia.
— Calma, Barbás. — TK falou, botando uma mão no ombro dele.
Eu mesmo estava chocada em ver a Larissa ali. Tá, a gente tinha nossos problemas, mas eu não queria que nada de ruim acontecesse com ela. Meu coração ficou pequeno no peito e, de novo, eu me senti criança. Minha vontade era de sair correndo dali e me esconder, mas eu não podia. Eu tinha que ficar firme, forte... eu não podia fraquejar. Um bolo formou na minha garganta e o meu estômago revirou conforme eu olhava pra ex-mulher do Barbás com preocupação. Ela tinha mesmo traído o Caburé? Era ela o rato que tava sendo procurado? O Barbás estava puto porque queria defender ela? Eu não conseguia entender.
— Essa ai tava perambulando na Zona Sul a semana toda. Tu sabia, Caburé? — M7 começou a falar, indo até ela e puxando os seus cabelos. Eu senti todos os músculos do William se contraírem e eu enfiei as unhas no seu braço. — Ela ia entrar pra dentro do Tabajaras quando os meus seguranças pegaram ela. Tu sabe de quem é o Tabajaras...
— Isso é real? — O CR perguntou pros meninos que chegaram com o Misael, que confirmaram com a cabeça pra ele.
— Nós pegou ela quase lá dentro da Ladeira, patrão. — Falou um deles.
Caburé foi até ela e deu uma coronhada na cabeça dela, que se encolheu em uma bolinha naquele chão sujo. Eu senti pena e tristeza por ela. Caralho...
— Ele quem mandou ela lá. — William falou, apertando as mãos umas nas outras. A revolta e o ódio pareciam irradiar dele. O auto-controle dele devia estar pela porra de um fio. — O Misael é o filho da puta que tu tá procurando. Esse caralho aqui... — E, num gesto brusco ele de desvencilhou de mim e enfiou a mão no bolso, tirando um aparelhinho bem pequeno, com uma tela minúscula. Ele o jogou para o Caburé, que pegou a coisinha no ar. — Isso ai é um bipe, um negócio que o exército usa pra se comunicar em operação. Tem um bagulho de criptografia, só tem um outro desse ai com quem ele tá falando. — Explicou apressado. — Lê a última mensagem que tá escrita nessa porra ai.
— É a data de hoje e a hora que começa o baile. — O Caburé falou, com um traço de desconfiança atravessando a sua expressão.
— Não adianta me acusar pra defender sua mulherzinha não, Barbás. Tua fiel vai morrer aqui e agora por ser uma traíra filha da puta. — M7 respondeu, com um olhar de vencedor no rosto. — Muito fácil ele ter plantado essa porra pra poder defender a Larica depois. Tu, Salvador, escolheu o cara errado pra botar atrás de mim.
— Como tu sabe que ele tava investigando pra mim, Misael? — CR perguntou, mas antes que ele pudesse responder alguma coisa mais, sua atenção se voltou totalmente para o carro. Para o banco traseiro do carro. — Quem tá nessa porra ai dentro?
M7 não respondeu e o Caburé foi ele mesmo até lá e abriu a porta traseira do veículo preto. No exato momento em que ele fez isso, um barulho de tiro foi ouvido. Caburé caiu de joelhos na nossa frente com a blusa encharcando rápido de sangue.

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Amor na Guerra
Romanceㅤㅤ ㅤ"Geral quer ser rei, conspiram pro tempo que não espera. Impérios caem com novos reis, os tempos passam a ser de guerra." MC Marechal ㅤㅤ ㅤO sonho do moleque é ser chefe, o do vapor, do gerente e do segurança também é. O sonho do chefe é sobreviv...