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Hoje era o dia D. Acordei cedo naquela manhã e fui reto pra tomar um banho. Fiquei um tempão me olhando no espelho do banheiro, olhando meus seios, o quadril, o ventre... tudo isso mudaria daqui há um tempo. Era estranho pra mim pensar em um bebê ali, em mim com um barrigão... Será que eu ia querer aqueles ensaios de grávida? Eu sentia no meu coração que era uma menina, mas se viesse um garoto, por mim seria igualmente amado. E o enxoval? Que porras eu ia comprar?

Entrei no chuveiro pensando se eu precisaria fazer umas plásticas depois da gravidez. Pensando no rostinho do bebê... Se fosse menina, seria como a garotinha dos meus sonhos? Eu queria tanto saber. E o meu trabalho? Mano? Eu tava prestes a terminar minhas férias e voltar a trampar na boca, como ia ficar agora? Eu duvidava muito que o Barbás ia deixar eu deixar eu botar meu fuzil nas costas estando grávida, imagina ir pra uma boca de fumo e traficar? Não que essa fosse uma decisão dele, mas a briga ia ser feia se eu contestasse. Bom... eu ia avaliar aquela questão com cuidado, mas se resolvesse mesmo me distrair com alguma coisa durante os meses seguintes e quisesse voltar pra boca, ele que lute.

Era quase como se eu tivesse apalpando a minha nova família, eu, meu marido e o nosso bebê. Só a imaginação já me confortava... Saí do banho e me aprontei pro reunião que ia varar a manhã e possivelmente a tarde também. Liguei pro Will pra saber se tava tudo certo e, com a confirmação dele, eu e o Wallace partimos pra minha casa. Chegamos lá meio atrasados, já que o Parma, a Larissa, o TK e até o Rogier já tavam por ali. Além de nós, um seleto grupo de pessoas a quem os meus conhecidos tinham confiança também estavam orbitando na minha sala. Barbás tinha liberado o bar e a Madalena tava fazendo petisco pra todo mundo, então, parecia muito uma reuniãozinha de amigos. Entrei e fechei a porta, olhando direto pro Will e sua cara de cansaço. Coitado... ele não devia ter dormido nada noite passada.

Sentei do lado dele e passei um braço pelos ombros dele.

— Oi.

— Oi. — Ele virou pra mim e sorriu de canto como ele gostava de fazer sempre. — Dormiu bem?

— Eu dormi, mas pelo visto você não, né?!

— Tô aqui só na base do tiro mesmo. — Confessou e eu neguei com a cabeça em reprovação. — Bora começar logo que todo mundo aqui tem que estar descansado pra noite.

O pessoal parou de conversar entre si e se reorganizou pra se sentar nos sofás e no chão ao redor na sala.

— Começa ai, Parma. — Barbás falou e o outro se ajeitou no lugar e pigarreou pra chamar a atenção pra si.

— Então, o lance vai acontecer no final da noite, 23h a gente sai daqui pra lá. Nem todo mundo que tá aqui vai ir, lá no lugar tem que ser pouca gente pra dar pouco na cara. Vamo mandar só quem tem alguma coisa pra cobrar do Misael e mais alguns poucos. — Explicou. — Nessa semana a gente foi trabalhando o porteiro do prédio que vai estar de plantão na hora, então, ele não vai atrapalhar a gente. Vai entrar dois, a Nina e a Larissa, que vão dar menos na cara por ser mulher, pela porta da frente. De lá, vocês vão liberar a entrada do pessoal na entrada paralelas do condomínio com a chave de morador que o porteiro vai dar. O condomínio lá é enorme, tem mais de 30 blocos, é gigante, então, é só a gente se dispersar entre morador que não vai dar nada. Todo mundo de arma silenciada e sem show em corredor, nem dentro do apartamento dele. Vai render o Misael e o irmão no xiu, amordaça os dois e ai o M7 é todo de vocês, faz o que quiser com ele, mas pensa que tem que limpar a porra toda depois.

Dali, nós começamos a discutir o que fazer com o corpo. A gente ia ter muitas horas com ele na mão, mas quando acabasse, os corpos iam ficar no banheiro, onde a gente ia jogar uns produtos químicos de limpeza lá que o Parma jurava que atrasava a decomposição. Depois, ele mostrou a planta do condomínio lá, mostrando onde ficava as câmeras pra gente memorizar. Felizmente a maior parte da área externa não era coberta pelo serviço de vigilância, então, tudo o que a gente precisava fazer era evitar certos pontos. As de dentro do prédio, o porteiro ia dar um jeito de inutilizar as gravações naquele período. Eu fiquei só me perguntando quanto ele ia ganhar pra colaborar com a gente daquele jeito... Certeza que alguma coisa na casa das centenas de milhares, certeza absoluta. Ele não ia correr o risco de se comprometer por pouco.

— Vamos quem? — Perguntei, abrindo um grande parênteses da discussão. Barbás me olhou de canto. — Quem vai, quem fica? Como vai ser isso?

— Um de nós vai ficar aqui pra coordenar, pra estar com contato com o batalhão, com o porteiro, pra fazer a conexão entre todo mundo que vai estar lá. — Parma disse. — Outros 5 vão pra lá. Barbás, a Índia e a Larica vão querer ir, certeza. Quem mais vai?

— O Russo fica pra coordenar, vamos nós 4 e o TK, que fica pra vigiar a parte debaixo e ver se tem alguma movimentação estranha. — Barbás propôs.

— Na real, Barbás, eu quero ficar. Não quero mais ver o Misael nessa vida não. — Parma contrapôs e o Will franziu o cenho. — Eu fico coordeno, o Russo vai com vocês.

— Tu não quer vingar tua família, irmão? Teu cunhado, teu braço... — Will questionou.

— Vingança não significa pra mim que nem significa pra vocês. Eu só quero ele morto. Se eu puder me afastar do que me faz mal, por mim melhor. Eu vou ficar mermo. — Disse e o homem ao meu lado deu de ombros, aceitando.

Amor na GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora