— Desculpa eu... — Pigarrei, notando o olhar confuso do Rogier. — Eu tô meio longe.
— Tô vendo. Sei que tá sendo barra pra tu, mas vai dar tudo certo no final. É só por um tempo, po. Tu vai gostar de conhecer o outro lado do tráfico. — Pisquei sobre o que ele tinha dito. Eu nunca tinha pensado sobre isso... de fato, o contrabando era o outro lado da moeda do tráfico. — Tu conhece o varejo, eu vou te apresentar o atacadista.
— Engraçado... — Dei um sorriso sem mostrar os dentes. — Agora tu me deixou interessada.
— É, po. Papo de plantação de maconha e coca. É direto na fonte.
— Vai ser legal. — Sussurrei, dando de ombros. Eu tinha que dar uma oportunidade pra aquela nova 'arte', no fundo, sabia que eu ia gostar de trampar com aquilo.
Rogier foi comprar um café pra gente depois disso e eu me levantei, indo pra perto da parede de vidro. Eu sentia que precisava ter certeza de como tava o Barbás... eu não ia conseguir deixar pra lá sem saber como ele tava. Sabia que dali eu não ia poder fazer nada por ele, que eu precisava dar um tempo do Rio por causa do meu bebê, mas sinceramente? Eu sentia que tava deixando o William pra trás quando ele precisava de mim e isso era imperdoável. Se eu não tivesse grávida, eu juro que teria ficado e foda-se. Com risco ou sem risco, com ele entendendo ou não, eu não ia arredar o pé do meu estado. Ele ia ter meu apoio querendo ou não.
Só eu não estava mais sozinha, não era só a minha vida. Eu tinha que botar na minha cabeça que se alguma coisa me acontecesse por causa desse rolo, o meu filho nunca ia ter a oportunidade de nascer. Agora, eu precisava defender o fruto do nosso amor, custe o que custasse. Ainda sim, eu só ia conseguir descansar quando tivesse certeza que ele ia ficar bem. Assim, eu fiz o inimaginável. Peguei meu celular e liguei pra Larissa. No terceiro toque, eu fui atendida.
— Larissa? Sou eu, a Nina. — Falei, me sentindo meio sufocada.
— Você? — Ela parecia surpresa, foi um tom de incredulidade.
— Desculpa te ligar, mas eu não sabia mais a quem recorrer. Escuta, você não precisa acreditar em mim, mas eu juro que não fiz nada do que tão dizendo que eu fiz. — Disse de uma vez. — Tá, eu sei que parece suspeito, mas as coisas não são tão óbvias. Eu amo o Barbás e o Russo, eu nunca seria capaz de fazer nada contra eles. Eu tô... — Parei um momento, sentindo o meu nariz arder e meu rosto queimar. — Eu vou tá pra sempre ligada ao nome do Mandarim, mesmo que eu não tenha envolvimento nenhum com as coisas que ele faz.Ela não falou nada, mas eu ouvi um 'tsc' do outro lado.
— Eu não te liguei pra me justificar, eu só quero saber como tá o Barbás...
— Como você acha que ele tá, Nina? — A voz dela era a de quem tinha corrido uma maratona inteira. Cansaço. — Ele tá preso, po.
— Eu sei. — Sussurrei, encostando a cabeça no vidro. — Eu preciso saber como tá a situação dele na polícia, se ele tá amparado.
— Eu diria pra você mesmo vim ver, mas é bem capaz de alguma coisa te acontecer. Você sabe que tem muita gente puta contigo, não sabe? Por isso tu começou se justificando. Uma judaria desse nível, ninguém nunca vai engolir.
— Eu sei bem disso. O Russo me contou tudo, por isso mesmo eu tô saindo do estado por um tempo. Depois que o meu filho nascer, eu volto pra ver o que deu. Não posso ficar aqui e dar mole de alguém fazer uma maldade. — Expliquei. — De mãe pra mãe, tu entende, né?
— Eu faria a mesma coisa se tivesse no teu lugar. — Confessou, suspirando. — Mas eu não sei se acredito na tua inocência, sinceramente.
— Não acredita, eu não tô te pedindo isso. Eu só quero saber do Barbás, eu não consigo nem dormir pensando nele, Larissa. Ainda mais agora, que nem ir ver ele na cadeia eu vou poder. Me ajuda a conseguir sair daqui em paz e proteger o meu bebê, me fala dele. — Pedi.
Ela, mais uma vez, se calou. Ficou um longo tempo em silêncio, até comecei a pensar que ela tivesse jogado o celular em algum canto e se cansado de mim.
— Ele tá bem dentro do possível. Na ficha dele tem tráfico, posse e associação, a pena tá passando dos 20 anos. — Explicou e eu senti uma pontada no coração. — Mas tem um lado bom, a última vez que ele foi preso ele era menor ainda. Faz muito tempo e como quando faz 18, limpa a ficha, é como se ele fosse réu primário. Tem que correr atrás dos atenuantes e ver como vai ficar a pena final. O nosso advogado falou que nessa situação, ele vai puxar um tempo de cadeia menor.

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Amor na Guerra
Romanceㅤㅤ ㅤ"Geral quer ser rei, conspiram pro tempo que não espera. Impérios caem com novos reis, os tempos passam a ser de guerra." MC Marechal ㅤㅤ ㅤO sonho do moleque é ser chefe, o do vapor, do gerente e do segurança também é. O sonho do chefe é sobreviv...