Russo chegou logo depois, junto com o segurança dele e o cara das armas. Com todo mundo ali, a gente entrou um pouco mais adentro na rua, num beco que beirava a mata, literalmente. Naquela viela, tinha uma casa, onde todos nós entramos. Era pequena e bonitinha, toda rebocada, diferente das outras da rua, e com móveis novos. Baixinho, o Russo me explicou que ali era a casa onde o Parma costumava se encontrar com as amantes dele, onde a fiel não vinha dar escândalo e estragar os rolés dele. É... bandido não prestava mesmo. Me admirava como tinha mulher que aceitava uma porra dessas. Agora aquela casa escondida era o nosso ponto de encontro.
No peito uma sensação ruim começou a se acumular. Era medo? Porra, era uma merda fazer um negócio sabendo que se alguém ficasse sabendo, todo mundo ia rolar... provavelmente todos menos eu. Aquela proteção me enchia de culpa e agonia, não era justo. Na boa? Eu preferia morrer junto com eles, ao invés de assistir todos eles se foderem e ficar viva. Eu não ia conseguir com aquela aquilo na consciência.
Sentei no sofá e o Russo veio pro meu lado. Baixinho ele me perguntou o que eu tava fazendo ali. Não foi um tom agressivo, mas de preocupação.
— Eu sei que tu preferia que eu não tivesse aqui, mas é isso ai, Wallace. — Sussurrei.
— Tu sabe o que tá rolando aqui?
— Em partes. — Confessei, olhando pra ele, que apertou minha mão. Meu irmão concordou com a cabeça e não falou mais nada.
— Então tu tem noção de onde tu tá metendo tuas mãos então. — Ele falou, se inclinando pra frente a apoiando os cotovelos nos joelhos. O Peralta chegou e cumprimentou todos os caras que tavam ali, deu um beijo nas costas da minha mão quando foi a minha vez. Barbás me olhou de canto, mas não falou nada. Ele era um cara muito comedido mesmo, mas pelo olhar escaldante dele, eu sabia que não tinha gostado muito da gracinha do amigo dele.
— Que que deu, Parma? Manda o papo ai. — O recém chegado perguntou de uma vez. — Vazou alguma coisa? A morte dos teus caras teve alguma coisa a ver?
— Com nós aqui não, mas comigo sim. Fica de boa ai que não vazou nada não. Se tivesse, eu tava no chão que nem eles. — Falou, mas a tranquilização dele não fez nenhum de nós relaxar.
— Explica essa porra ai, irmão. — Mandou o Barbás.— Depois da Larissa, o Misael quis o meu segurança como mensageiro. Ele não aceitou o não dele, falando que era um trabalho só. O M7 tá pegando uns caras aleatórios assim pra levar os bagulhos dele pros aliados dele. Era uma oportunidade do caralho de saber se ele ainda tá ligado com os caras do PPG lá, tá ligado? Eu tinha que saber se ele tá fechado lá ainda, se os caras iam meter a mão aqui, se a gente cortasse a cabeça dele. — Falou, bufando. — Não é isso o que tá impedindo a gente de quebrar ele? Então. Se a gente tivesse a sorte de pegar uma mensagem que desse a entender que ele tá sozinho ou que tá brigado com os caras lá, era lucro nosso.
— E ai? — Perguntou o Russo.
— O meu moleque pegou um envelope grosso lacrado. Eu falei pra ele segurar a onda dele, porque se ele estourasse aquela porra ali, os caras iam saber e ele ia se foder. Aquele merda não acreditou em mim. — Ele passou a mão no rosto e eu conseguia vir que ele tava um caco emocional. Luto. — Eu falei ainda, cara. Falei que era pra ele dar uma segurada, pra esperar oportunidade, mas o cara era afobado.
— Ele abriu?
— Abriu. Tinha uma porrada de coisa, vários papel arrancado de caderno de contabilidade nossa, umas lista de nome que ele não soube dizer o que era, enfim, uma porrada de bagulho sobre o dinheiro que a gente rende aqui. O que dá pra tirar disso é que ele ainda tá mantendo contato com o PPG ainda, pra 'tar mandando coisa nossa, alguma coisa ele deve.
Todo mundo concordou com a cabeça, sabendo que o Misael ainda tinha os contato dele.
— Teve um bagulho nesse meio ai que deixou a gente bolado, Barbás. Tem a ver contigo ai. — Ele falou de repente e eu tremi no lugar, me inclinando pra frente nem o Russo. Porra... — Tinha dinheiro de todo mundo, mas a lista de nome mesmo veio da tua boca. Nome de todos os caras da Barcelos e umas fotos dela. — Apontou pra mim.
— Minhas? — Perguntei, sentindo o meu rosto aquecer.
— Tuas, Índia. — Confirmou, cruzando os braços. — Eram duas só, que tu tava no baile com nós. Tava no meio dessas coisas ai. — Falou. — Alguma coisa pra tu ele tá matutando. — Avisou. — Pra vocês. Achei que era bom tu saber, Barbás.
William me olhou e concordou com a cabeça pro Parma. Eu me mantive forte no lugar e sustentei o olhar dele, tentando entender o que tava passando pela mente dele naquela hora. A expressão dele fechou na hora e começou a balançar as pernas quase como um tique. Ele tava nervoso. A gente tava na mira... ele devia estar pensando em mil maneiras de contornar aquela situação e tirar o foco do Misael de mim.
Porra... Eu tinha que contar pra ele. Não queria que ele ficasse ali gastando a cabeça dele pensando quando o M7 ia me pegar pra Judas e foder ele no processo. O que o Misael queria mandar sobre mim pra lá era um mistério, mas se pá fosse só notícias, como a minha mãe me disse fazer todos esses anos. Eu ia investigar aquele negócio com ele, saber o que tava rolando, mas uma coisa era certa: eu não ia conseguia dormir em paz, sabendo que o William tava perdendo o sono por minha causa.
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Amor na Guerra
Romanceㅤㅤ ㅤ"Geral quer ser rei, conspiram pro tempo que não espera. Impérios caem com novos reis, os tempos passam a ser de guerra." MC Marechal ㅤㅤ ㅤO sonho do moleque é ser chefe, o do vapor, do gerente e do segurança também é. O sonho do chefe é sobreviv...