Todo mundo se reuniu e ali mesmo ficamos sabendo da primeira ordem do Misael. Era pra todo mundo estar lá na quadra do baile amanhã às 10h. O pessoal começou a se dispersar pra se reencontrar na casa do Barbás. Eu não questionei a decisão que eles tinham tomado, os meninos tinham experiência com isso. Era mais provável que eles fossem gastar a madrugada toda conversando... Ninguém tava muito no clima de dormir, ninguém tava muito feliz com o que tinha acontecido. No final, o Caburé tinha morrido e o filho da puta do M7 agora era o nosso chefe.
Russo desceu de moto e pegou o carro da Dalila no final da nossa rua, voltou pra buscar a gente junto com a nossa irmã. Barbás foi até a Larissa e pegou ela no colo, colocando a bichinha no banco de trás do carro. Mano, eu tava com uma dó dela. Eu não sabia o que tinha rolado, mas ela tava falando pouco e chorava pra caralho, parecia meio em choque. Eu acabei que fui com ela no carro, enquanto o William foi pegar carona na moto do TK e nós descemos até a Cachopa. A viagem de carro toda, a Larissa parecia puta desconfortável por estar do meu lado, ela tentava ficar mais longe de mim possível e mano... aquela era uma atitude justificável dela. A gente meio que tinha brigado feio. Eu tinha ameaçado ela e pá... Por que ela iria estar de boa em estar do meu lado num momento daquele? Se eu queria fazer alguma coisa contra ela, aquela era a melhor hora. É, mas eu não ia fazer nada. Eu tinha honra... e um pouco de moral também.
TK e o Barbás correram na frente com a moto e quando a gente chegou, a casa já tava aberta. Eu fui a primeira a sair. Sentia como se fosse vomitar de novo.
— Nina, entra na frente e vê se o meu filho ainda tá vendo televisão na sala.
— Essa hora? — Era madrugada, mano.
— É, esse moleque não dorme cedo não. Se ele tiver, pega ele e leva pro quarto dele, não quero que ele veja a mãe dele nesse estado não. — Disse num tom mandão. Eu concordei com a cabeça, entrando na frente.
E é, ele tava acordado. Madalena tava dormindo numa poltrona, enquanto ele só tinha um olhar sonolento no rosto, enquanto assistia um desenho.
— Pedrão, e ai? — Cumprimentei ele, que virou pra me olhar.
— Oi, tia Nina.— Vem com a tia aqui, tenho que te mostrar um negócio lá em cima. — Chamei, pegando na mão dele e subindo as escadas rapidinho. Ele reclamou do desenho, mas eu consegui abafar falando que tava na hora dele dormir, mas que ficaria com ele no quarto dele.
Lá em cima, eu tomei um banho e dei um banho nele também, colocando um pijama no menino. Ele logo ficou agitado quando ouviu as vozes lá em baixo e quase que não ficou na cama de jeito nenhum, mas eu falei que era o pai dele com uns amigos e ele resolveu sossegar depois que eu jurei contar uma historinha pra ele.
— Tia, tá dando tiro ainda? — Perguntou, um tempo depois, interrompendo a historinha que eu lia.
— Já parou, meu amor.
— Eu não gosto de ouvir tiro. — Falou, virando de lado pra mim, eu cobri ele e a gente ficou um tempo aconchegado ali.
— Descobri que também não gosto muito. — Sussurrei pra ele, dando um beijo na testa dele.
A gente ficou meio abraçadinho assim até ele dormir, uma meia hora depois. Ai eu desci pra encontrar o pessoal. Do corredor já dava pra ouvir o falatório, como eu imaginei, tava todo mundo sentando na sala conversando e tomando uns goró. As armas do pessoal estavam no colo, ou encostadas do lado deles. Todo mundo de guarda alta, falando sobre o que tinha acontecido lá. Assim que eu cheguei na sala, o pessoal olhou pra mim. Eu queria só ter um tempinho sozinha com o Barbás, mas eu sabia que isso não ia rolar. Primeiramente porque ninguém sabia da gente e era assim que tinha que continuar... Mas era um saco ficar longe dele e fingir que nada acontecia, enquanto isso, a Larissa era tratada como a rainha da casa e mulher dele. Bufei, sabendo que eu tava sendo otária de ter ciúmes de uma mulher que tava toda fodida que nem ela. Ela tava sentadinha numa das poltronas e segurava uma bolsa de gelo sobre a cabeça. Parecia bem melhor do que antes agora, já falava um pouco, mais ainda tava encolhida que nem um neném.
— Eu vim só pegar uma água mesmo. — Falei, indo pra cozinha e descolando um copo lá. Sentei perto da escada quando voltei.
— Pedro tá dormindo? — Perguntou o Barbás e eu concordei com a cabeça. O olhar dele se demorou sobre mim, mas eu desviei os meus olhos. Ele queria falar alguma coisa comigo, mas não podia, eu sabia. Era a porra do nosso segredo.
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Amor na Guerra
Romanceㅤㅤ ㅤ"Geral quer ser rei, conspiram pro tempo que não espera. Impérios caem com novos reis, os tempos passam a ser de guerra." MC Marechal ㅤㅤ ㅤO sonho do moleque é ser chefe, o do vapor, do gerente e do segurança também é. O sonho do chefe é sobreviv...